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domingo, 30 de janeiro de 2011

Bar do Museu, cantinho eterno das artes

O Bar do Museu, localizado no Centro de São Paulo, não se abate e moderniza sua história como espaço cultural. Diferente de bares comuns, nos quais as pessoas vão para beber e conversar, o Bar do Museu tem como objetivo reunir artistas e amantes da arte, afinal, foi assim que tudo começou, e, por esse motivo, ele abriu suas portas.
O ambiente ainda mantém o cheiro dos grandes mecenas e artistas de São Paulo: Assis Chateaubriand (Chatô), Cicillo Matarazzo, Iolanda Penteado, Tarsila do Amaral, Vitor Brecheret, Oscar Niemayer, Alfredo Volp e muitos outros reuniam-se desde 1939 em torno do sonho comum de construir e formar o acervo do Museu de Arte Moderna de São Paulo. As reuniões aconteciam inicialmente no bar instalado no prédio onde ficava a empresa “Diários Associados”.
Na mesma época que conseguiram finalizar o projeto do museu, instalado no Parque do Ibirapuera em 1954, registraram a Associação dos Amigos do Museu de Arte Moderna (AAMAM) e as reuniões passaram a ser no MAM. Mas a distância era grande e, por fim, os associados tornaram-se itinerantes. Eles escolhiam algum bar do centro para as reuniões. Em 1978, depois de cansarem de ver baixar as portas dos bares que freqüentavam, abriram a própria sede, apelidada de Bar do Museu.
O centro da cidade era o lugar onde tudo acontecia. Quase todos os associados, se não moravam lá, mantinham seus negócios estabelecidos pela região. Assim, os amigos do museu, que na época eram cerca de 100 associados, optaram pela sobreloja de um edifício comercial, próxima ao Edifício Copan, um arrojado projeto do arquiteto Oscar Niemayer. Por ser um prédio de escritórios, nenhum vizinho reclamaria das inflamadas conversas sobre artes.
O cantor Cauby Peixoto e a escritora Lígia Fagundes Telles também frequentaram as reuniões no passado, quando a sede era de uso exclusivo dos Associados da AAMAM. Ainda há quem tenha a impressão de ver sentados nas cadeiras do bar o pintor Di Cavalcanti e o cantor Silvio Caldas, que doou seu violão, o qual virou adorno de parede. Mas apesar do passado estar vivo na memória, a atual presidente da Associação, Clarice Berto, mantém as portas abertas para exposições de obras artísticas, porque o ideal é abrir espaço para que arte e cultura misturem-se a um bom bate-papo. “O Bar do Museu oferece sua estrutura a artistas para contribuir com o florescimento das artes. Espero que os novos frequentadores não deixem esse ideal morrer”, comenta Clarice, satisfeita com a presença de tantos jovens que retornam após terem conhecido o bar em algum dos eventos ocorridos nos últimos meses.
...o tempo não pára, não pára não... não pára! (Cazuza)

PP = pós postado) Esqueci de informar antes de postar que esse foi um release construído a 3 mãos para um TCC de final de curso de Jornalismo. Minhas parceiras deram o sangue corrigindo melhorando o texto e eu nem para citar essas duas figuras que fizeram e ainda fazem história na minha vida: Paula Caires e Priscilla Sipans.

sábado, 29 de janeiro de 2011

Delírios sobre injustiças

Prédios, estruturas gigantescas, monumentos estrangeiros. Estruturas metálicas emolduram enormes vidros, herança cultural do Bauhaus. Outros, puro cimento desarmonizando, padrões todos herdados de algum outro canto do planeta: Europa, EUA, Ásia etc. Nada exalta nossas origens indígenas. Exceto alguma cor aqui e ali, toda vista seria como a nossa massa encefálica, que dizem ser cinza.

Somos fruto da miscigenação cultural, dos brasileiros originais, só restaram histórias, porque entre os poucos que restaram, ainda se faz troça, fica a visão do fogo, do desmerecimento, do desdém pela própria origem.

Oh! Terra Brasilis! Encantadas paisagens ainda encobrem o espírito de aço e pedra.

Promete-se igualdade, cumpre-se deslealdade. É como Machado de Assis declama: "... quer se ver a menina e encontra-se a mulher; quer se ver a mulher e encontra-se a menina", não há como encontrar a igualdade quando não se pode ver a verdadeira face, principalmente da nossa justiça tão incoerente!

O mundo vai dando voltas nas aspirações contidas no voto de cada cidadão que pensa estar exercendo a democracia. Quer se ver o povo no poder e, quando seu representante máximo ascende, torna-se descrente de seus próprios sonhos.

Quem poderá enfrentar as feras a quem damos o poder de governar, de decidir? Quem poderá enfrentar um juiz que libera um homem que matou para brincar? Matou nossa raiz, matou um irmão, matou nossa democracia...

Quem matou agora tem um cargo, criação especial para uma grande personalidade... e sua vítima está sob a terra que ele pisa.

Temos obrigações a cumprir, devemos lealdade ao nosso rei, mas não temos respaldo para viver em segurança. Mas haveremos de lutar sempre!

PS) Hoje um aluno revoltado com a falta de consciência me disse que não valia lutar porque as pessoas não cooperam. Mas, se nos entregamos a conviver apenas com o mal, sem pregar o bem, desistimos da batalha derrotados, melhor se empenhar em um ideal que viver na abstinência da esperança.

segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

Baixou Renato Russo em Leila Pinheiro

Domingo ensolarado e de repente a chuva levantando fumaça do asfalto no final da tarde. Mas 18 horas não havia mais resquícios de sol nem de chuva, apenas os instrumentos musicais, na penumbra, ocupando o espaço do palco do Sesc Pinheiros, a espera das mãos talentosas que os fariam irradiar no ar os acordes tão conhecidos dos fãs de Renato. Leila entra e tão entregue quanto os músicos, recriam Renato nas suas milhares de palavras e cifras musicais.

A cada parada, o barulho comum em espetáculos denunciava a casa quase cheia. As poucas cadeiras vazias talvez tenham confundido a leitura se lá havia mais fãs de Renato ou de Leila. A cada acorde essa constatação parecia não importar, o claudicar das palmas, gritos, assovios, suspiros enchiam o ar e o pedido de bis veio naturalmente para Leila e Renato.

...
Sei que, às vezes, uso
Palavras repetidas,
Mas quais são as palavras
Que nunca são ditas?
...

sábado, 15 de janeiro de 2011

Protesto por uma Lei cidade limpa de verdade

Ao ser editada a Lei Municipal nº 14223 de 2006, a preocupação era deixar a cidade livre da poluição visual que assolava ruas e avenidas em forma de outdoors imensos instalados por toda a cidade de forma desordenada. Era uma revolução estética e as críticas foram inúmeras, mas é notável que a paisagem urbana hoje é muito mais limpa. Lógico que ainda há muito que fiscalizar e refazer numa cidade tão extensa para a preservação e valorização do ambiente como preconizava a lei e poderia ser um percurso mais rápido se todos agissem em prol de um mesmo fim, mas...

Depois, em prol de se preservar a saúde das pessoas editaram a Lei nº 14805 em 2008, proibindo fumar em diversos espaços públicos. Outra enxurrada de críticas, mas para os não fumantes a referida lei foi um alívio.

Passado mais de dois anos ainda há muito que se fiscalizar, porque ainda há estabelecimentos que não atenderam todos os itens do artigo 1º, como, por exemplo, disponibilizar espaços abertos ou ventilados, destinados exclusivamente aos fumantes, e, desde então, as pessoas, tanto na hora da diversão quanto na hora de trabalho, ocupam as calçadas, um espaço que também é público, para sustentação do vício. O resultado disso é bitucas de cigarro para todo lado, que vão parar nos bueiros, além de provocar poluição no ar e de desleixo na limpeza das calçadas.

Há pessoas que criticam nesses casos só a atuação do governo em fiscalizar, mas e o nosso papel como cidadãos, quem deve cumprir? Será que são só os administradores públicos que devem assumir uma postura cidadã? Será que não está na hora de empresários tomarem ciência e buscarem alternativas para cooperar com a melhor organização da cidade? Será que não são os fumantes que deveriam ter consciência do que estão provocando com as suas ações? Não se trata apenas do ato de fumar por ser prejudicial a saúde e porque polui o ar, trata-se de pensar na limpeza da cidade e no que acarreta em períodos de chuva esses lixos que se acumulam nas ruas.

Infelizmente ainda não há preparo por parte dos cidadãos para provocar melhorias no ambiente social sem que haja uma ordem, os “fazedores de leis” precisam agir e é deles a tarefa de saber qual lei precisa ser repaginada, mas não custa dar a ideia. Que tal espalhar essa ideia?

Pos Postado) Nem 1 hora depois que eu havia postado, estive caminhando na calçada e um fumante atirou a sua bituca fora, para sorte dele, por um triz não me acertou, porque juro que hoje chamava a polícia para fazer BO. É um absurdo termos que desviar e ficar atentos para não sermos acertados nem por fumantes na calçada e nem por aqueles que atiram da janela de seus carros.

sexta-feira, 7 de janeiro de 2011

Minha voz sou eu... me ouçam

À vezes ela sibila palavras, como se quisesse falar baixinho em meu ouvido e me deixo seduzir. Penetro em sua tristeza e compartilho do seu torpor. Ela grita e meus ouvidos querem mais, aumento o som. Ela canta suavemente e me entrego, compartilho. Aprendo a letra, tento cantar junto, mas ela não deixa... esse momento é dela e eu invado sua intimidade, o suficiente para saber que uma voz como essa já não está mais aqui. Então choro! Choro por não ter tocado em suas mãos no momento de sua angústia. Choro por não estar presente para lhe dizer que milhões de pessoas a veneram e dizer-lhe que ela é mais que uma simples Diva. E, foi em sua solidão que partiu.

Ela nasceu, 19 em janeiro de 1943, numa sólida família de classe média, na cidade de Port Arthur, localizada no Estado do Texas, nos Estados Unidos da América. Com apenas 17 anos já retratava o gosto pelos sons do blues e do folk em pinturas e poesias e levantava aplausos nos bares de Houston e Austin, no Texas. Realizou seu sonho em 1965 e foi cantar na Califórnia, mas em 1966, desempregada, voltou para Austin e cantou em uma banda country por alguns meses. Depois disso, o amigo que se tornou seu empresário, Chet Helms, levou-a para a banda Big Brother, que tocava em San Francisco. E, foi junto dessa banda, que ela conheceu o empresário Albert Grossman, após o show no “Monterey Pop Festival”, em 1967. Quando a platéia ficou extasiada durante sua interpretação para a música “Summer Time”, sendo a seguir contratada pela gravadora Columbia Records. Ela já disparava rumo ao sucesso, cuja sina de ser Diva estava escrita na força de expressão contida em sua voz.

Era a única cantora branca da época que se atrevia a cantar blues feito uma negra, com sua voz rouca e sensual. Debaixo de críticas entusiasmadas e outras nem tanto, o albúm “Cheap Thrills” foi um recorde de vendas.

Em 1969, a comunidade hippie se reuniu no maior de todos os festivais de rock, o “Woodstock”. Janis Joplin marcou seu espaço junto a outros cantores de sucesso como Joan Baez, Santana Joe Cocker, Jimi Hendrix e outros que viviam a era hippie, com suas roupas coloridas, simples e soltas, típicas da geração paz e amor.

Após o sucesso do primeiro LP com os Big Brothers, a gravadora Columbia Records assinou contrato e o álbum Cheap Thrills, com o single "Price of My Heart", conquistou o disco de ouro. Passado um ano, Joplin resolveu deixar os Big Brother, mas participou de algumas faixas do álbum deles, “Be a Brother”, lançado em 1971. Seguia sua carreira, nessa mesma época, com o guitarrista Sam Andrew. Compuseram então a segunda banda, que foi denominada de Kozmic Blues, um de seus sucessos musicais, composta por Janis Joplin e Gabriel Mekler.

Ela possuía tudo aos olhos de quem a via sobre um palco, mas se sentia feia e chegava a considerar sua voz insossa, sem encanto, mesmo uma multidão vibrando em suas apresentações, como revela, na biografia “Love, Janis”, escrita por sua irmã e psicoterapeuta, Laura Joplin.

No momento de enfrentar a platéia ela vestia uma coragem que não lhe pertencia e hipnotizava a platéia, não se contentava se não participassem daquele momento que lhe era tão precioso, onde poderia se encher de rebeldia contra seus próprios sentimentos e soltar a voz.

Comedimento era uma palavra fora do seu vocabulário, ela se entregava ao amor, à música, às drogas, às amizades, numa ânsia desesperada de encontrar conforto. Certa vez sua mãe lhe perguntou porque gritava tanto, sendo que tinha uma voz tão bonita e Janis disparou a resposta: “- Para você sentir o que eu sinto!”, relatou Myra Friedman, companheira de trabalho de Janis durante grande parte de sua carreira, no livro “Enterrada viva”, outra biografia que revela alguns momentos da vida de Janis.
Há quem diga que ela é a rainha imortal do rock, mas no fundo, a espécie de música que ela entoava era algo só dela, não se classificava entre os já conhecidos tipos. Ora ela se envolvia num blues, ora se entregava à alegria do country, ora cantava num tom debochado, ora sussurrava como a dividir segredos. Mas apesar de sua versatilidade musical, na década de 60 Janis era a rainha branca do blues.

A escritora Alice Echols escreveu no livro “Scars of sweet paradise”, que no Brasil foi batizado de “Janis Joplin: uma vida. Uma época”, que Janis queria casar e ter filhos e assim, andava entusiasmada em 1970, falando em se casar-se. Estava cantando com a banda Full Tilt Boogie e ia produzir o álbum Pearl (que era seu apelido). Mas em 4 de outubro de 1970, o corpo de Janis Joplin foi encontrado sem vida com picadas de agulha recentes no braço, num quarto do Hotel Landmark, em Hollywood. A causa da morte foi uma overdose acidental de heroína.

No obituário consta que a injeção fora aplicada pela própria Janis, mas concluía que a morte foi involuntária por aplicação de dose de droga excessiva, mas algumas pessoas e veículos de comunicação interpretaram como suicídio, o que levou o empresário, Jonh Cooke, a ficar indignado, porque não acreditava que ela tenha desejado se suicidar.

Ela morreu aos 27 anos, três meses após a morte de Jimi Hendrix. Foi cremada e realizaram seu desejo jogando as cinzas na costa da Califórnia. Mas sua obra e figura imortal continuou a ser reproduzida em CD´s, filmes, livros, sites, comunidades, revistas, camisetas e jovens que sequer conhecem sua história, fecham os olhos ao ouvir suas músicas, depois saem a buscar resquícios de sua voz pelo mundo. O maior sucesso em sua discografia aconteceu dois meses após sua morte, com o LP "Mee and Bob McGee", como prova de sua imortalidade.

No filme The Rose, gravado em 1979, estrelado por Bette Midler, foi feito um relato de sua carreira, tomando por base o teor do livro “Enterrada Viva”. Atualmente, a atriz Renée Zellweger, que pode ser vista em DVD em “Cinderella Man” traduzido para “A Luta pela Esperança” atuando com Russel Crowe, está sendo sondada para interpretar Janis Joplin, no filme "Piece of My Heart", cinebiografia da cantora, em pré-produção, mas não há nenhum diretor ligado ao projeto, ainda.

Com tantas biografias, filmes e relatos que surgem de fontes diferentes e fidedignas, como da irmã ou da amiga que trabalhou junto a ela, talvez já se possa conhecer um pouco mais de Janis Joplin, mas nunca chegar à real e imortal Janis. Compreender as letras de suas músicas é como desvendar o ser humano escondido em sua voz, porque as músicas de Janis Joplin não foram feitas para serem ouvidas, mas sentidas.

Pós Anos) Publiquei esse texto no site E-Zine Entre Palavras, creio que por volta de 2004, mas o site saiu do ar faz tempo, uma pena, porque era muito bom ver tantas artes reunidas e oriundas de tantos países. Vira e mexe ponho o único CD que tenho da Janis na orelha e ele fica por horas no replay. Ir para a academia, então, ouvindo Janis dá um pique inexplicável. Só sei que ouvi Janis hoje e não foi via CD, nem MP3, me veio aos ouvidos sem estar tocando em lugar algum... Acho que o vento soprou, porque Janis é assim, de vez em quando quer falar com todo mundo. Ela me deu um empurrão e acabei indo ler o pouco que escrevi sobre ela e sua obra e reparto com vocês.