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segunda-feira, 27 de fevereiro de 2017

O meu Rei Momo

Quando ainda pequena, vê-lo com a coroa e o cetro era como um sonho que eu queria levar para a vida adulta.

Minha mãe confirma que eu tinha cinco anos quando me levaram a primeira vez para ver os desfiles de carnaval, que naquela época ainda aconteciam na Avenida São João, pertinho do Anhangabaú.

Eu amava o som da bateria, meu coração parecia bater no mesmo compasso. Desde muito pequena tinha consciência plena desse amor pela cadência do samba e que me fazia sentir uma pequena rainha.

Por sorte, meu pai era amigo do Rei e sempre ficava pertinho dele. Sentia um orgulho imenso de conhecer e poder ouvir o Rei tocar o surdo ou a cuíca, de olhos fechados, sentindo a música como eu mesma sentia no meu coração.

Minha mãe sempre fala orgulhosa que desde a primeira vez que me levaram no sambódromo, eu dormia nos intervalos, mas quando ecoava o primeiro som da bateria ao longe, eu já me punha de pé sambando. Até hoje, meus pés parecem ter vida própria quando ouvem o batuque do samba.

O Rei Momo daquela época era Irineu Pugliesi (http://www.moocaonline.com.br/fotosmooca.htm), nascido no bairro da Mooca, carregou a coroa e o cetro de Rei do Carnaval Paulistano de 1969 a 1983, nada mais justo, já que dominava alguns instrumentos musicais e tocava como jamais ouvirei alguém tocar igual. Eu já era adolescente e ainda brilhavam meus olhos de orgulho e alegria por vê-lo naqueles trajes.

Sempre me imaginei sendo rainha um dia e que Irineu ainda fosse o Rei Momo, o que nunca aconteceu, mas, meu coração sempre pulsa forte no primeiro retumbar da bateria e as lágrimas são inevitáveis. Alegria, saudade, emoções que mal sei explicar em palavras.

Só sei que me sinto muito feliz, porque esse Rei ainda existe!

PS) Escrevi essa micro história em 2013, mas na verdade é uma longa história, daquelas que só meu coração sabe o quanto foi importante em minha vida, só posso dizer que foi uma amizade eterna e marcante que realmente começou na minha mais tenra infância e ainda mora em meu coração e sei que no dele também.

Por: Yara Verônica Ferreira

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