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domingo, 29 de abril de 2018

Devaneios: Tecnologia a favor de...


Por: Yara Verônica Ferreira

Poderia até descrever como uma resenha, mas, no fundo é um apanhado de palavras que vão surgindo de conjecturas sobre a tecnologia, a comunicação, as pessoas, as mudanças, os benefícios e malefícios, assim, a ideia é conclamar quem ler a pensar em como a evolução tecnológica, às vezes serve como apoio a ações inapropriadas.

Faz bem imaginar que quando surgiram os primeiros computadores, as pessoas, por desconhecerem os recursos de copiar, colar e recortar, utilizavam o editor de texto apenas como um acessório que permitia apresentar o texto em sua melhor formatação.

A instalação de um programa qualquer necessitava de uma leitura atenta ao manual de instruções, hoje, basta ir clicando em "sim", "avançar" e "finalizar", que o programa estará instalado, dispensando o recurso de impressão de manuais pelo fabricante... e as florestas agradecem.

As facilidades de um editor de texto foram aos poucos ganhando espaço na mente dos escritores que, antes, pensavam toda a sequência do parágrafo em sua mente, para depois começar a escrever. Caneta e papel na mão, só em ocasiões raras, para anotações simples, pois gerir um texto tornou-se uma atividade quase que digital, já que basta jogar as ideias principais na tela, para depois ir compondo, buscando na mente verbos, advérbios, adjetivos etc., ir alterando a posição dos parágrafos ou de pequenos trechos, apenas com um leve clique no "mouse". Mas, será que estudantes, jornalistas, escritores e outros profissionais poderão se tornar meros digitadores ou copiadores?

A resistência inicial ao uso de um computador, foi abrindo espaço à necessidade essencial para milhões de pessoas, que hoje não se veem mais na frente de uma máquina de escrever, seja modelo Olivetti ou IBM, aliás, nem sabem que máquinas são essas.

No livro, “Cultura da Interface”, capítulo 5 - Texto, Steven Johnson , compara o surgimento do rádio com o da Web e conclui que em ambos, os usuários é que vão descobrindo novas ferramentas e utilidades, que os inventores e fabricantes não ousaram imaginar.

O presidente da IBM, Thomas Watson Junior, acreditava, em 1943, que o mercado para essas máquinas não proliferaria, enquanto que um engenheiro da Intel, em 1970, defendeu veementemente a tese de que, um dia, as pessoas iriam adquirir PC's, como compram aparelhos de TV, rádio, liquidificador e outros aparelhos considerados utensílios domésticos.

A internet plagiou o sistema de busca de um determinado assunto pelo reconhecimento de palavras similares, do recurso da barra de ferramentas “Editar – Localizar”, incrementando o sistema de pesquisas na Web, que permite a qualquer pessoa utilizá-lo como fonte de estudos e pesquisa.

Outro recurso possibilita a um profissional organizar seu trabalho, agrupando arquivos com temas correlatos, numa determinada janela, por um período prescrito. Tal recurso, permite ao usuário, agrupar assuntos de forma mais rápida, do que se tivesse que ler cada arquivo, para depois ir clicando e arrastando para uma única pasta.

As funções de inserir figuras, objetos, modificar textos ou figuras e todos os recursos que um programa gera, fascinam Johnson, mas decepciona-se com o fato do próprio editor de texto não ter evoluído, pois o hipertexto não representa nada se comparado com a linguagem visual que está cada dia mais aprimorada.

Tal decepção deve-se ao fato de que com todos esses recursos, ainda não criaram um software capaz de compreender os textos. O recurso designado como "ortografia e gramática", não possibilita nada além de correção de palavras grafadas incorretamente. Esse recurso de correção automática pode até causar confusões, como acontece inúmeras vezes no “WhatsApp”, aplicativo este que Johnson nem sonhava que seria criado.

Vale também observar a evolução do uso de imagens, que vêm tomando espaço na mídia desde a década de 50, quando as fotografias começaram a proliferar nas revistas e hoje ocupam espaço cada vez maior na mídia, seja impressa ou na internet. O texto vem se transformando em plano secundário, as imagens ganham destaque. O que antigamente podíamos contemplar nas páginas de uma revista era um trabalho minucioso, elaborado com técnicas arcaicas. Em pleno século XX, os "pixels" tomaram o lugar dessas técnicas e enchem de colorido as páginas das revistas, dos jornais, da internet e até da própria TV.

Mas vale defender que “palavras” ainda são fundamentais, até na própria barra de ferramentas de editores de texto ou de figuras. As bases de comando ainda se rendem à magia das palavras, mesmo que por trás de cada uma delas, haja uma sequência numérica que cria um código e, é este que nos permitirá ler em forma de palavras.

Todos os recursos imagéticos não tornarão o texto obsoleto, porque é este que esclarece, na maior parte das vezes, seja em forma de legenda ou texto legenda, o “studium” (como diria Roland Barthes) real daquela imagem, já que a visão do espectador, pode não ser a mesma que a do fotógrafo.

O uso de computador se tornou imprescindível para a maioria dos profissionais de diversas áreas, inclusive para estudantes, porque facilita a elaboração e o arquivo de qualquer trabalho. Para os jornalistas, a importância desses equipamentos e “softwares” é significativa. Pois os processadores de textos agilizam a produção, com recursos que abrangem desde a correção de palavras digitadas incorretamente, até mesmo marcar uma determinada parte do texto e eliminá-la ou transferir de posição, ferramentas que possibilitam o desenvolvimento do texto na própria tela, eliminado os rascunhos que antes eram arremessados ao lixo a cada alteração.

As exigências imediatistas do homem pós-moderno, são supridas por uma mídia cada vez mais ágil, que veiculam notícias em tempo real, graças aos programas sofisticados que se incrementam continuamente, a fim de atender as expectativas dos usuários. Exemplificando, se uma empresa jornalística mantém um correspondente no exterior, este poderá enviar a matéria via “e-mail”, por “WhatsApp” ou compartilhar arquivos na nuvem, chegando, assim, à redação quase em tempo real.

O texto é essencial em qualquer circunstância jornalística como também para profissionais em todas as áreas de atuação e, principalmente para que estudantes se tornem profissionais qualificados. Infelizmente, nem todas as pessoas fazem bom uso da tecnologia e aproveitam para copiar e colar, sem pudor e até para outros usos inapropriados. Mal sabia Johnson em 2001 quando o livro “Cultura da Interface – Como o computador transforma nossa maneira de criar e comunicar” foi lançado, o quanto ainda haveria de avanço tecnológico melhorando a comunicação, via uso de novos aplicativos e de redes sociais, mas, infelizmente, podem também ser utilizados de forma negativa provocando situações nada benéficas a evolução humana.

PS) O bonequinho da ilustração "Plugado no Mundo" foi criado por Fernando Ferreira, meu filho,  numa época em que ele se divertia desenhando e ainda atendia os pedidos doidos da mãe.