Por:
Yara Verônica Ferreira
Poderia até descrever como uma resenha, mas, no fundo é um apanhado
de palavras que vão surgindo de conjecturas sobre a tecnologia, a
comunicação, as pessoas, as mudanças, os benefícios e malefícios,
assim, a ideia é conclamar quem ler a pensar em como a evolução
tecnológica, às vezes serve como apoio a ações inapropriadas.
Faz bem imaginar que quando surgiram os primeiros computadores, as
pessoas, por desconhecerem os recursos de copiar, colar e recortar,
utilizavam o editor de texto apenas como um acessório que permitia
apresentar o texto em sua melhor formatação.
A instalação de um programa qualquer necessitava de uma leitura
atenta ao manual de instruções, hoje, basta ir clicando em "sim",
"avançar" e "finalizar", que o programa estará
instalado, dispensando o recurso de impressão de manuais pelo
fabricante... e as florestas agradecem.
As facilidades de um editor de texto foram aos poucos ganhando espaço
na mente dos escritores que, antes, pensavam toda a sequência do
parágrafo em sua mente, para depois começar a escrever. Caneta e
papel na mão, só em ocasiões raras, para anotações simples, pois
gerir um texto tornou-se uma atividade quase que digital, já que
basta jogar as ideias principais na tela, para depois ir compondo,
buscando na mente verbos, advérbios, adjetivos etc., ir alterando a
posição dos parágrafos ou de pequenos trechos, apenas com um leve
clique no "mouse". Mas, será que estudantes, jornalistas,
escritores e outros profissionais poderão se tornar meros
digitadores ou copiadores?
A resistência inicial ao uso de um computador, foi abrindo espaço à
necessidade essencial para milhões de pessoas, que hoje não se veem
mais na frente de uma máquina de escrever, seja modelo Olivetti ou
IBM, aliás, nem sabem que máquinas são essas.
No livro, “Cultura da Interface”, capítulo 5 - Texto, Steven
Johnson , compara o surgimento do rádio com o da Web e conclui que
em ambos, os usuários é que vão descobrindo novas ferramentas e
utilidades, que os inventores e fabricantes não ousaram imaginar.
O presidente da IBM, Thomas Watson Junior, acreditava, em 1943, que o
mercado para essas máquinas não proliferaria, enquanto que um
engenheiro da Intel, em 1970, defendeu veementemente a tese de que,
um dia, as pessoas iriam adquirir PC's, como compram aparelhos de TV,
rádio, liquidificador e outros aparelhos considerados utensílios
domésticos.
A internet plagiou o sistema de busca de um determinado assunto pelo
reconhecimento de palavras similares, do recurso da barra de
ferramentas “Editar – Localizar”, incrementando o sistema de
pesquisas na Web, que permite a qualquer pessoa utilizá-lo como
fonte de estudos e pesquisa.
Outro recurso possibilita a um profissional organizar seu trabalho,
agrupando arquivos com temas correlatos, numa determinada janela, por
um período prescrito. Tal recurso, permite ao usuário, agrupar
assuntos de forma mais rápida, do que se tivesse que ler cada
arquivo, para depois ir clicando e arrastando para uma única pasta.
As funções de inserir figuras, objetos, modificar textos ou figuras
e todos os recursos que um programa gera, fascinam Johnson, mas
decepciona-se com o fato do próprio editor de texto não ter
evoluído, pois o hipertexto não representa nada se comparado com a
linguagem visual que está cada dia mais aprimorada.
Tal decepção deve-se ao fato de que com todos esses recursos, ainda
não criaram um software capaz de compreender os textos. O recurso
designado como "ortografia e gramática", não possibilita
nada além de correção de palavras grafadas incorretamente. Esse
recurso de correção automática pode até causar confusões, como
acontece inúmeras vezes no “WhatsApp”, aplicativo este que
Johnson nem sonhava que seria criado.
Vale também observar a evolução do uso de imagens, que vêm
tomando espaço na mídia desde a década de 50, quando as
fotografias começaram a proliferar nas revistas e hoje ocupam espaço
cada vez maior na mídia, seja impressa ou na internet. O texto vem
se transformando em plano secundário, as imagens ganham destaque. O
que antigamente podíamos contemplar nas páginas de uma revista era
um trabalho minucioso, elaborado com técnicas arcaicas. Em pleno
século XX, os "pixels" tomaram o lugar dessas técnicas e
enchem de colorido as páginas das revistas, dos jornais, da internet
e até da própria TV.
Mas vale defender que “palavras” ainda são fundamentais, até na
própria barra de ferramentas de editores de texto ou de figuras. As
bases de comando ainda se rendem à magia das palavras, mesmo que por
trás de cada uma delas, haja uma sequência numérica que cria um
código e, é este que nos permitirá ler em forma de palavras.
Todos os recursos imagéticos não tornarão o texto obsoleto, porque
é este que esclarece, na maior parte das vezes, seja em forma de
legenda ou texto legenda, o “studium” (como diria Roland Barthes)
real daquela imagem, já que a visão do espectador, pode não ser a
mesma que a do fotógrafo.
O uso de computador se tornou imprescindível para a maioria dos
profissionais de diversas áreas, inclusive para estudantes, porque
facilita a elaboração e o arquivo de qualquer trabalho. Para os
jornalistas, a importância desses equipamentos e “softwares” é
significativa. Pois os processadores de textos agilizam a produção,
com recursos que abrangem desde a correção de palavras digitadas
incorretamente, até mesmo marcar uma determinada parte do texto e
eliminá-la ou transferir de posição, ferramentas que possibilitam
o desenvolvimento do texto na própria tela, eliminado os rascunhos
que antes eram arremessados ao lixo a cada alteração.
As exigências imediatistas do homem pós-moderno, são supridas por
uma mídia cada vez mais ágil, que veiculam notícias em tempo real,
graças aos programas sofisticados que se incrementam continuamente,
a fim de atender as expectativas dos usuários. Exemplificando, se
uma empresa jornalística mantém um correspondente no exterior, este
poderá enviar a matéria via “e-mail”, por “WhatsApp” ou
compartilhar arquivos na nuvem, chegando, assim, à redação quase
em tempo real.
O texto é essencial em qualquer circunstância jornalística como
também para profissionais em todas as áreas de atuação e,
principalmente para que estudantes se tornem profissionais
qualificados. Infelizmente, nem todas as pessoas fazem bom uso da
tecnologia e aproveitam para copiar e colar, sem pudor e até para
outros usos inapropriados. Mal sabia Johnson em 2001 quando o livro
“Cultura da Interface – Como o computador transforma nossa
maneira de criar e comunicar” foi lançado, o quanto ainda haveria
de avanço tecnológico melhorando a comunicação, via uso de novos
aplicativos e de redes sociais, mas, infelizmente, podem também ser
utilizados de forma negativa provocando situações nada benéficas a
evolução humana.
PS) O bonequinho da ilustração "Plugado no Mundo" foi criado por Fernando Ferreira, meu filho, numa época em que ele se divertia desenhando e ainda atendia os pedidos doidos da mãe.