Sempre amei as palavras e sempre
repito essa declaração de amor, por mais cansativa que possa parecer.
Por conta desse amor pelas palavras, sempre tenho muitos livros
começados, alguns até sou obrigada a recomeçar porque me perdi nas histórias
dos outros já terminados. Mas, em compensação há alguns que a gente lê em
poucas horas, porque a sede é tanta de degustar cada história por trás de
tantas palavras, que fechar o livro, mesmo que seja por alguns instantes,
parece um suplício, é como se a água fosse acabar e a sede continuasse ali.
Eu tinha que aprender a só comprar
outro livro quando tivesse terminado de ler um único, mas o vício de comprar é
tão forte, quase tanto quanto de ler.
Eu parei o do Kotler, sobre
Marketing, que estou adorando, “Os Imperfeccionistas”, “O Estrangeiro” e ainda
passei por cima do “A Saga Brasileira” da Miriam leitão, que estou louca para
começar e abri o “A Queda”, que acabei de receber hoje, ainda no metrô, a
caminho da faculdade para o segundo turno da minha jornada dupla de trabalho.
Já estou no passo 165, mirando a
foto, mas tive que fechar, porque já ia chegar em casa. Todos esses passos foram
dados, em pé no metrô, um pouco sentada no ônibus e alguns em pé caminhando ou
subindo escadas. Inúmeras vezes tive que fechar o livro, não porque havia outra
atividade, mas para respirar fundo e sentir o forte pulsar do coração.
Agora, enquanto relembro de
alguns trechos e deixo meus dedos percorrerem rapidamente de uma tecla a outra,
pus no repeat o Bolero de Ravel, que é uma música que me acalma e emociona ao mesmo
tempo, mas, principalmente, combina com a descrição minuciosa de uma Itália que
viveu momentos que mais pareceram um turbilhão de emoções, tanto nas remotas
épocas que nem vivemos e que Mainardi descortina, quanto pelos passos cambaleantes
até “a queda”.
Sempre gostei de ler a coluna de
Diogo Mainardi na Veja, justamente pela acidez, mas, as palavras são tão
poderosas e muitos de nós não sabe usar. Há os que se perdem na força que elas dão
à vida que corre a nossa volta e dentro de nós.
Justo eu que gosto de apreciar os
quadros de Claude Monet, me deparei com uma nova forma de não esquecer de
alguns detalhes de sua pintura, porque há certos sentimentos que são absolutos
e tomam conta em tempo irrestrito de nossas vidas... assim é quando se tem um
filho... uma única vitória régia a tingir toda nossa tela!