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sábado, 27 de agosto de 2011

Substituto? Cópia?

Estava aqui lendo tranquilamente o blog do meu amigo Greghi, sobre o tal pedido de casamento, quando minha mãe adentra o quarto falando que o Santos está criando outro Pelé... estanquei na hora de ler o texto, porque essa maluquice de pensar que se pode criar outra pessoa igualzinha é coisa para os cientistas.

Não existe clone, não existe cópia e tão pouco substituto para qualquer que seja a pessoa. Ninguém pode substituir um filho ou uma mãe ou um pai que morre. Se querem saber, nem em uma empresa consegue se fazer uma substituição perfeita para um determinado cargo. As pessoas podem ter alguns traços semelhantes, atitudes parecidas, mas nunca serão iguais, nunca substituirão em absolutamente tudo aquela que não está mais ali.

Por todas as empresas que passei eu sempre ensinava minhas tarefas a outros, nunca me achei insubstituível, afinal, o mundo muda a cada milésimo de segundo, amanhã a ação que faço hoje, pode não ser mais imprescindível. Amanhã eu posso não estar presente e outra pessoa encontrará uma forma até melhor de executar minha tarefa, afinal, se eu mesma venho me aperfeiçoando em tudo que faço, porque outros não o farão? Mas será que sou substituível só por isso?

Há um tempão atrás recebi um texto sobre essa tal história de as pessoas serem substituíveis, talvez quem o escreveu estava revoltado com a mania de chefes sempre demonstrarem isso aos seus subalternos e, sinceramente, dessa leitura em diante passei a acreditar piamente que ninguém é substituível. vou até transcrever aqui parte do texto para que entendam o porquê mudei radicalmente de opinião e não acho mais ninguém substituível:

"Quem substituiu Beethoven? Tom Jobim? Ayrton Senna? Ghandi? Frank Sinatra? Garrincha? Santos Dumont? Monteiro Lobato? Elvis Presley? Os Beatles? Jorge Amado? Pelé? Paul Newman? Tiger Woods? Albert Einstein? Picasso? Zico (até hoje o Flamengo está órfão de um Zico)?

Todos esses talentos marcaram a história fazendo o que gostam e o que sabem fazer bem, ou seja, fizeram seu talento brilhar. E, portanto, são sim insubstituíveis.

Cada ser humano tem sua contribuição a dar e seu talento direcionado para alguma coisa. Está na hora dos líderes das organizações reverem seus conceitos e começarem a pensar em como desenvolver o talento da sua equipe focando no brilho de seus pontos fortes e não utilizando energia em reparar seus 'gaps'.

Ninguém lembra e nem quer saber se Beethoven era surdo, se Picasso era instável, Caymmi preguiçoso, Kennedy egocêntrico, Elvis paranóico...
O que queremos é sentir o prazer produzido pelas sinfonias, obras de arte, discursos memoráveis e melodias inesquecíveis, resultado de seus talentos.

Cabe aos líderes de sua organização mudar o olhar sobre a equipe e voltar seus esforços em descobrir os pontos fortes de cada membro. Fazer brilhar o talento de cada um em prol do sucesso de seu projeto."

Portanto, ciente da minha humilde capacidade de emitir opiniões, não haverá outros Pelés ou Rivelinos, nem outro Oscar nem outra Hortência, nem outros Carioquinhas ou Ubiratans, nem outros Autrans nem outros Elvis, como também não haverá amores ou amizades iguais aos que já vivemos, nem criarão outras "eus", nem outros "vocês"... somos todos únicos e insubstituíveis!




sábado, 13 de agosto de 2011

Aprendizados

Vamos encontrando pessoinhas por todo canto. A minha aula preferida no primeiro ano de faculdade era a de ESTHAR. O conteúdo era bárbaro e a paixão do professor era daquele tipo que enfeitiça. De vez em quando ele citava algum livro e, para falar a verdade, nem sei o motivo dele ter citado esse, mas comprei, com certeza eu precisava bebericar aquelas palavras. De todas as 340 páginas desse pequeno livro, quase que de bolso, duas jamais serão esquecidas pelo valioso aprendizado.

AMAR O AMOR
Extraído das páginas 27 e 28 do livro "Fragmentos de um Discurso Amoroso" de Roland Barthes:

...Basta que, num átimo, eu veja o outro sob a figura de um objeto inerte, como que empalhado, para que eu desloque meu desejo desse objeto anulado para meu próprio desejo; é meu desejo que desejo, e o ser amado não é mais do que seu criado. Exalto-me ao pensamento de tão grande causa, que deixa longe atrás de si a pessoa que tomei como pretexto para ela (é ao menos o que digo a mim mesmo, feliz de elevar-me rebaixando o outro): sacrifico a imagem ao Imaginário. E, se dia vier em que eu tenha que decidir renunciar ao outro, o luto violento que me toma então é o luto do próprio Imaginário: era uma estrutura querida, e choro a perda do amor, não de fulano ou fulana...

Sem mais palavras, obrigada mestres das palavras!

quarta-feira, 3 de agosto de 2011

Quase dei sorte...

Nas ruas do Centro de São Paulo se vê de tudo: show de artistas desconhecidos; estátuas em performances surpreendentes; protestantes batendo em suas bíblias como se castigassem os pecadores; ciganas querendo passar os olhos na palma de sua mão e as mãos em sua carteira; camelôs que vendem de tudo; classificados humanos; vozes e mais vozes gritando bem na sua orelha: ótica, ótica, ótica; palhaço convidando para conhecer restaurante novo, que de novo não tem nada; dançarino solitário dando show em porta de loja; pessoas correndo ou caminhando calmamente sem sequer enxergar toda essa variedade de diversão, entretanto, homem bonito que é bom, é coisa rara de se ver. E não é que quase dei sorte dia desses? Meus olhos vislumbraram um careca charmosíssimo de óculos escuros, num terno elegantérrimo, não tive dúvidas, voltei minha cabecinha para descobrir por onde iria meu muso inspirador e eis que o vejo estático, o tal exuberantemente lindo nem pretendia ir a lugar algum, estava só embelezando a vitrine da Spielberg! Eu não disse que "quase" dei sorte?