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quinta-feira, 19 de janeiro de 2012

Viajei na Veneza alheia

Poderia ser uma data qualquer, mas é 02 de janeiro de 2012, o sono não vem, talvez pelo café ingerido quase 7 da noite, talvez pela incômoda sensação de que tenho que planejar este novo ano, ou, quem sabe, porque me sinto incomodada e convocada a continuar lendo “Mil dias em Veneza”, da americana Marlena de Blasi, indicado pela minha alergologista, se é que podemos chamar algum médico de nosso, já que o dividimos com tantos outros pacientes.

Confesso que agradeço o susto que tomei ao parar no pronto socorro com aquela baita crise alérgica que só uma injeção de adrenalina pôde curar. Não só pelo fato de ter saído saudável de lá, mas por ter sido o mote de eu ir parar nesta pretensiosa médica, que afirmou com tamanha convicção que eu ia gostar desse romance, tornando impossível ficar longe do meu vício de possuir palavras.

E, assim, cá estou eu, nesta segunda madrugada de início de ano, nutrindo o mesmo vício da leitura voraz. Não posso dizer que me sinto a própria personagem, mas a tendência é ela se tornar uma grande amiga, já que há tanto em comum.

Começamos bem essa amizade íntima, o nome do seu amado “estrangeiro” é o nome do meu filho, e não foi à toa que escolhi, simplesmente sou apaixonada por esse nome. Também sou jornalista e embora não seja o que possam chamar de mestre cuca, dou meus voos rasantes na cozinha, principalmente, na essencial identificação culinária que ela tem com os pães em geral. Mas, tudo isso são coisas secundárias diante dos sentimentos tão similares.

Andei mantendo meu coração fechado porque enferrujadas engrenagens teimam em não funcionar, às vezes penso que abri, mas logo ele se retrai, escapa e corre para o porão, onde pode se manter ileso em sua solidão. No fundo ele nunca se manteve totalmente trancafiado, sempre dava suas escapadelas, mas sempre foi muito ponderado e, se em sua dona sempre faltou o raciocínio lógico, esse coração sempre gabaritou nesse quesito.

Essa Marlena é tão indiscreta que até revelou meu valioso segredo sobre a listinha do “positivo e negativo” que faço toda vez que começo a pirar com minhas paixonites agudas. Ah! Não tem remédio melhor para me curar que fazer uma lista com mais pontos negativos que positivos, ou que mesmo em menor número, estes sejam tão perturbadores que não há como continuar trilhando de mãos dadas com tal ser tão defeituoso.

Ainda estou na metade do livro, mas sinto que algumas feridas se abrem e outras se cicatrizam ao ler sobre o karma alheio.

Quando escrevi essa avalanche acima não imaginava que ao final do livro ia sentir saudade dele. Só me resta dizer obrigada pela indicação, Doutora, e muitos e muitos dias de felicidade, seja aqui ou em qualquer lugar do mundo. E, com certeza seguirei seu conselho e lerei os demais livros da autora.

Como podem ver, caros leitores, andei ocupada e não foi só o livro que me afastou, pois só o comprei na última semana de dezembro. Aquela velha história de correrias, freelas, decisões, estudos e no fundo era mesmo aquela preguiça mental, aquela do tipo não querer escrever só por escrever. Quando escrevo gosto de degustar as palavras e eu estava degustando essas sozinha, mas resolvi deixar de ser egoísta e deixar a dica desse belo romance da vida real para quem quiser degustar Veneza, cardápios diferentes e o amor, ainda que dos outros.

3 comentários:

  1. Delicioso texto! Fiquei curiosa para ler esse livro :-)

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  2. para vc eu até empresto, mas tem gente na fila. Há muito tempo não lia um romance tão bom!

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  3. Sabia que ia gostar...no da Toscana tem receitas maravilhosas bjs....pode ma mandar umas dicas tbem estou lendo meu ultimo livro e como nao fico sem .....Sua alergista

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