Absurdo? Que nada! Eu já havia desligado o note, apagado a
luz e o travesseiro já havia me agarrado, mas as palavras não queriam dormir.
Pulei da cama, acendi a luz e caneta em punho danei a escrever sem parar,
afinal, convenhamos: é muito mais gostoso desandar na escrita à moda antiga que
dedilhar no teclado.
Essas avalanches de palavras são costumeiras, mas o mote
dessas é mais costumeiro ainda, por se tratar de encontros com meu anjo da
guarda, e não dava para deixar passar batida uma cena como essas!
Caminhávamos pela Berrini, a amiga matraqueando sem parar.
Eu nem queria interromper porque ela estava com fome de falar, como eu tenho de
escrever. Mas... foi inevitável!
- Flor, desculpe por te interromper, mas você tem certeza
que não passamos do lugar que vai me levar?
Ela estancou com olhar desesperado! Olhou para todos os
lados para se achar no meio de sua bagunça mental. Era hilária a carinha de
perdida dela, mas depois de rodar, a cabeça a quase 360º, ainda tomada pelo
susto da interrupção, me respondeu cheia de hesitação, querendo acreditar em
sua própria resposta:
- Não, ainda não passamos não!
E caímos na gargalhada por todas as vezes que descemos do
metrô na estação errada, muitas vezes depois da certa, mas até antes da certa
já fizemos a proeza de descer. Extensos ou curtos trechos, não importa, vale a
gargalhada antes de fazer o percurso de volta porque nos perdemos do momento
certo de parar, sempre por conta da loucura das palavras que bailam, ora nos
lábios dela, ora nos meus.
Eu levei quase um ano para achar esses escritos e digitar, agora,
essa Flor está grávida, mas acredito que um bebê vai é deixar ela mais
acelerada, porque o meu filhote já tem 25 aninhos e eu continuo desligada
igual, descendo em ponto errado até quando estou a caminho de casa!
Alguns já disseram a ambas que precisamos de terapia, mas a
gente nunca deixou a terapia de lado, fazemos há anos a mesma terapia: a das
palavras... e acredite, tem dado resultado. Mesmo diante dessas pequenas
confusões, podemos garantir que nunca nos perdemos de nossos caminhos de vida!
Isso é que importa!
Aiiii... apesar de vc acabar com minha reputação (qual, né?rsrsrs). Amei lembrar de nossas loucuras, amei a homenagem e amei o carinho de sempre. Incrível como sempre acho que estou em débito c/ vc de tanto q vc me faz bem, me surpreende, me ensina, sempre e a cada dia, mesmo longe. Bjs. Te amo!
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