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domingo, 30 de outubro de 2011

Acho que eu vi o Saci...

Quando criança eu via Saci por toda parte. Fechava os olhos e nem precisava lembrar das histórias de Monteiro Lobato, o Saci estava sempre por perto.

Eita menino traquina! Mas, sempre do bem, não havia maldade em suas peraltices. Mas, crescemos, encontramos com lendas e culturas de outros países e, falhamos, deixamos de lado as nossas.

Como diria meu filho, é “mega” importante conhecer a cultura ao redor do mundo. Ainda adolescente, quando eu tinha dúvidas sobre um personagem mitológico, era esse meu filhote que me contava toda sua história. Nessa sexta-feira, de novo ele, no auge dos seus quase 25 anos, invocou sua sapiência e me fez enxergar o Saci que eu tinha deixado de lado.

- Para quem é essa caixa de Bis?

- Para as crianças do prédio que vem pedir gostosuras no dia de Halloween.

- Então, vou por meu gorro de Saci e vou com eles pedir, será que eles deixam?

terça-feira, 4 de outubro de 2011

Apresento Meu Velho Chico

Quando voltei de férias um amigo me perguntou se tinham sido boas. E tem jeito de passar férias ruins viajando? Mas, pensando bem, pode até ter sim. Afinal, pode dar o azar de viajar com amigos chatos ou só conhecer gente chata. Mas eu dei sorte, também, se não desse, daria um jeito de não continuar no azar, porque não ia ficar aguentando fulano chato que nem conheço.

Então, com toda a minha sorte, viajei com um amigo muito divertido, conheci outras pessoas muito legais e alguns pouco chatos que cruzaram o caminho, fiz de conta que nem conheci. Mal educada eu? Nada disso, só estou preservando meu bem estar... rsrs

Numa bela manhã de sábado lá fomos nós ao nosso último passeio com a Maceió Turismo. Sentimos falta do Vaqueiro, mas a gentileza dos funcionários da empresa é realmente uma boa estratégia de manter clientes felizes, e, mesmo sem o Vaqueiro, tivemos um dia muito agradável.

Primeira parada, para pegar a embarcação, uma tagarela doida puxa papo no banheiro e, inicialmente, até que fui simpática, afinal, a figura parecia ser divertida e acertei em cheio.

Só sei que de repente, nós 2 genuinamente paulistas, estávamos com mais 2 paulistas, em plena Maceió. A Cris, que foi a trabalho, não tinha máquina fotográfica e gentilmente nos colocamos ao dispor de registrar os fatos pela quantia módica de R$ 500 a hora. Rimos muito, ela prometeu pagar de alguma forma, mas melhor nem perguntar como!

Acabamos também aceitando o Marquitos no grupo de paulistas, mesmo ele sendo de outra cidade. Aliás, nem sei mais dizer donde ele é, porque o bichinho diz que mora em Goiania, mas vive de avião para cima e para baixo, curtindo finais de semana pelo Brasil afora.


Estava tão divertido o percurso e a beleza que nos cercava era tanta, que eu entrava em transe toda hora. Piorou o transe quando aportamos na beira do Rio São Francisco, quase cruzando com o mar. Uma alagoana me deu uma prova de queijadinha e eu pirei de vez, quase que comprei todo o estoque. É a melhor queijadinha que já comi, jamais vou esquecer a textura macia e o sabor. Será que foi a emoção do encontro do Rio com o Mar? Nem sei, mas cada segundo ali tinha um sabor diferente, inusitado e estonteante.


Sem preguiça, fui com a Cris e o Marquitos até a beira da praia, não há como descrever a emoção. Era como se fosse uma miragem aquela areia limpíssima e aquela água toda transparente quebrando na areia e lá ao longe as águas calmas do Velho Chico apaziguando as ondas do mar.

Sem mais palavras:


quarta-feira, 28 de setembro de 2011

Um livro de merda

Hora de almoço é quase um campo de batalha, um não quer ir num lugar e o outro não quer ir no outro. Andar em grupinho é um saco, mas, tem suas compensações, porque no dia que estiver irado, pode debulhar as insanidades que os parceiros serão capazes de fazer troça de tudo e o temporal que estava se armando, desanuvia.

Se por um acaso estiver na dúvida do que irá comer, nem se estresse, o fofinho ou a fofinha relembram do cardápio todo que qualquer um do grupinho costuma comer, em cada um dos restaurantes que costumam ir. E, se mesmo assim teu prato estiver sem graça, é só esperar uma das fofinhas cortar qualquer coisa, porque do jeito que são jeitosinhas, sempre enriquecem o prato de quem estiver ao lado ou em frente com um pedaço de frango com gosto de frango, ou uma salada com gosto de nada.

Um dos fofinhos e uma das fofinhas são rebeldes, cada um quer ir num lugar e quando não chegam a um acordo amigável, o jeito é a chantagem: - tá bom, eu vou nesse hoje, mas amanhã você ai no outro, sem reclamar! A outra fofinha e o outro fofinho ficam a espera do impasse terminar, raramente se metem, ficam sempre em cima do muro, afinal, imagina se os 4 resolvem entrar em guerra!

O fofinho vive reclamando que a fofinha adora ir num tal restaurante, por causa de uma maldita salada que só tem lá, chega, passa reto pela tal salada e quando ele pergunta: - porque não pegou?

A fofinha diz, na maior calma: - hoje não estou com vontade.

O fofinho fica bravo, repete umas vinte vezes que é para a fofinha ficar com vergonha, mas ela nem liga.

A outra fofinha até quis plantar a sementinha da discórdia, dizendo que os 2 fofinhos nunca se entendem. Mexeu em caixa de marimbondo, os fofinhos se uniram na hora e mostraram em quantas coisas eles estão sempre em concordância: cafezinho, spoletino gelado, lanchonete e até restaurantes, como essa fofinha lambisgóia ousa dizer que os dois briguentinhos não são amiguinhos?

Mas tem outra hora que os dois briguentinhos e os dois fofinhos da paz se entendem: na hora do bowling. E aí é só gargalhada!

Hoje o fofinho briguentinho cismou de contar outro filme que assistiu ontem. Tá de brincadeira, ficar se divertindo, enquanto a fofinha briguentinha estuda economia, aquela porcaria com 224 páginas, que não deu nem 10% de páginas de resumo, porque o economista japonês parece papagaio, pior até, porque papagaio repete o que os outros falam, ele reescreve o que ele mesmo já escreveu.

Aí vem o outro fofinho delirando, mas pronto para ajudar a coleguinha a espairecer e esquecer a chatice do livro que ela tem que estudar:

- Já pensou um livro na vitrine com o título: Um livro de merda

- E sobre o que você vai escrever fofinho?

- Sobre bosta nenhuma!

Se tem discussão séria nesse grupinho? Até tem, mas não dura muito. Hora de almoço é momento de relax.

Está triste? Deprimido? Desiludido? Liga para o CVV não... é só vir almoçar com o grupinho que o dia ficará mais leve. Mas se quer silêncio, melhor nem pensar em se juntar ao grupinho, porque sempre tem um dos quatro tagarelando, nem que seja só falando bobagens que os outros nem estão ouvindo.

terça-feira, 6 de setembro de 2011

Só recordações não podem ser roubadas

Todo mundo já passou por um pequeno furto, confessem. Eu então, nem sei como não me furtaram mais vezes, porque vivo distraída com a bolsa aberta.

Da primeira vez, levaram a bolsinha de maquiagem, azar o dele ou dela, porque maquiagem de pobre está sempre no fim.

Da segunda levaram minha carteira, tive o maior trabalhão de fazer BO e dar baixa em cartões no banco. No dia seguinte, cada um que me perguntava na empresa eu desandava a soluçar e todos com aquelas frases de praxe: - Não fica assim, deu sorte de não ser um assalto e de não te machucarem. E eu continuava chorando, ninguém entendia o quanto doía ter perdido as fotinhos da minha vovózinha espanhola que eu tanto amava e uma do meu filhinho ainda com um ano e que eu não tinha outras fotos dessas.

Um colega da sala ao lado, talvez perturbado com o fato de não conseguirem me consolar, voltou para trás e todo solicito me perguntou: - quer uma foto da minha avó?

Estanquei o choro e dou risada até hoje quando lembro da cara dele me fazendo essa pergunta.

domingo, 4 de setembro de 2011

Uma palavra linda

Olha só, essa sexta-feira (02-09-11) foi cansativa no trabalho, estava um frio absurdo e eu odeio frio, mas a noite prometia alegria. Com ingressos comprados para o show da Fabiana Cozza, fomos os 3 caminhando da estação do metrô Belém até o Sesc, só não batíamos os dentes de frio, porque estávamos exercitando o poder da fala. E como a gente fala!

Óbvio que eu fiz umas trapalhadas, tivemos que trocar ingresso. A primeira troca, porque a carteirinha da Ny estava vencida. A segunda foi por burrice própria mesmo... Explicando, para não queimar tanto o meu filme: como não sou fanática por carregar bolsa, peguei o que ia usar, olvidando de una cosita muy importante, e pus numa carteira minúscula e lá fui eu com tudo no bolso, menos a carteirinha do Sesc ou de estudante e tive que, pela segunda vez, pegar senha e trocar o ingresso pagando a diferença. Mas deixa a burrice para lá e vamos ao que interessa.

Esse show por si só, já era motivo para eu estar para lá de alegre, porque amo samba e a Cozza é bárbara, mas a Ny quis roubar o papel de protagonista da noite e mandou um convite que nos deixou com lábios de quem nunca mais vai parar de sorrir.

Óbvio também que minha memória é de girino e nem sei direito que frase ela usou, só importa a palavrinha mágica: padrinhos. Não vou me fazer de rogada, confesso que queria muito e esperava por isso, porque amo demais essa mulézinha e sei que é recíproco. O Ri menos convencido disse que não esperava. Nada disso importa, só o que vale é que esse convite transformou a noite numa mega comemoração e nem dá para explicar como nos sentimos, ouso falar até pelo Ri, porque sei que ficou tão emocionado e feliz quanto eu.

Pena que o noivo faltou, porque a gente adora aquele doido também, mas essa mulézinha anda escravizando ele, tadinho. Tem trabalhado tanto para sustentar a futura família, que nem pode estar presente.

Eu não falo que palavras são os melhores presentes? Madrinha não é uma palavra linda? Linda não, lindíssima! Agora estou me sentindo: a madrinha!

sábado, 27 de agosto de 2011

Substituto? Cópia?

Estava aqui lendo tranquilamente o blog do meu amigo Greghi, sobre o tal pedido de casamento, quando minha mãe adentra o quarto falando que o Santos está criando outro Pelé... estanquei na hora de ler o texto, porque essa maluquice de pensar que se pode criar outra pessoa igualzinha é coisa para os cientistas.

Não existe clone, não existe cópia e tão pouco substituto para qualquer que seja a pessoa. Ninguém pode substituir um filho ou uma mãe ou um pai que morre. Se querem saber, nem em uma empresa consegue se fazer uma substituição perfeita para um determinado cargo. As pessoas podem ter alguns traços semelhantes, atitudes parecidas, mas nunca serão iguais, nunca substituirão em absolutamente tudo aquela que não está mais ali.

Por todas as empresas que passei eu sempre ensinava minhas tarefas a outros, nunca me achei insubstituível, afinal, o mundo muda a cada milésimo de segundo, amanhã a ação que faço hoje, pode não ser mais imprescindível. Amanhã eu posso não estar presente e outra pessoa encontrará uma forma até melhor de executar minha tarefa, afinal, se eu mesma venho me aperfeiçoando em tudo que faço, porque outros não o farão? Mas será que sou substituível só por isso?

Há um tempão atrás recebi um texto sobre essa tal história de as pessoas serem substituíveis, talvez quem o escreveu estava revoltado com a mania de chefes sempre demonstrarem isso aos seus subalternos e, sinceramente, dessa leitura em diante passei a acreditar piamente que ninguém é substituível. vou até transcrever aqui parte do texto para que entendam o porquê mudei radicalmente de opinião e não acho mais ninguém substituível:

"Quem substituiu Beethoven? Tom Jobim? Ayrton Senna? Ghandi? Frank Sinatra? Garrincha? Santos Dumont? Monteiro Lobato? Elvis Presley? Os Beatles? Jorge Amado? Pelé? Paul Newman? Tiger Woods? Albert Einstein? Picasso? Zico (até hoje o Flamengo está órfão de um Zico)?

Todos esses talentos marcaram a história fazendo o que gostam e o que sabem fazer bem, ou seja, fizeram seu talento brilhar. E, portanto, são sim insubstituíveis.

Cada ser humano tem sua contribuição a dar e seu talento direcionado para alguma coisa. Está na hora dos líderes das organizações reverem seus conceitos e começarem a pensar em como desenvolver o talento da sua equipe focando no brilho de seus pontos fortes e não utilizando energia em reparar seus 'gaps'.

Ninguém lembra e nem quer saber se Beethoven era surdo, se Picasso era instável, Caymmi preguiçoso, Kennedy egocêntrico, Elvis paranóico...
O que queremos é sentir o prazer produzido pelas sinfonias, obras de arte, discursos memoráveis e melodias inesquecíveis, resultado de seus talentos.

Cabe aos líderes de sua organização mudar o olhar sobre a equipe e voltar seus esforços em descobrir os pontos fortes de cada membro. Fazer brilhar o talento de cada um em prol do sucesso de seu projeto."

Portanto, ciente da minha humilde capacidade de emitir opiniões, não haverá outros Pelés ou Rivelinos, nem outro Oscar nem outra Hortência, nem outros Carioquinhas ou Ubiratans, nem outros Autrans nem outros Elvis, como também não haverá amores ou amizades iguais aos que já vivemos, nem criarão outras "eus", nem outros "vocês"... somos todos únicos e insubstituíveis!




sábado, 13 de agosto de 2011

Aprendizados

Vamos encontrando pessoinhas por todo canto. A minha aula preferida no primeiro ano de faculdade era a de ESTHAR. O conteúdo era bárbaro e a paixão do professor era daquele tipo que enfeitiça. De vez em quando ele citava algum livro e, para falar a verdade, nem sei o motivo dele ter citado esse, mas comprei, com certeza eu precisava bebericar aquelas palavras. De todas as 340 páginas desse pequeno livro, quase que de bolso, duas jamais serão esquecidas pelo valioso aprendizado.

AMAR O AMOR
Extraído das páginas 27 e 28 do livro "Fragmentos de um Discurso Amoroso" de Roland Barthes:

...Basta que, num átimo, eu veja o outro sob a figura de um objeto inerte, como que empalhado, para que eu desloque meu desejo desse objeto anulado para meu próprio desejo; é meu desejo que desejo, e o ser amado não é mais do que seu criado. Exalto-me ao pensamento de tão grande causa, que deixa longe atrás de si a pessoa que tomei como pretexto para ela (é ao menos o que digo a mim mesmo, feliz de elevar-me rebaixando o outro): sacrifico a imagem ao Imaginário. E, se dia vier em que eu tenha que decidir renunciar ao outro, o luto violento que me toma então é o luto do próprio Imaginário: era uma estrutura querida, e choro a perda do amor, não de fulano ou fulana...

Sem mais palavras, obrigada mestres das palavras!

quarta-feira, 3 de agosto de 2011

Quase dei sorte...

Nas ruas do Centro de São Paulo se vê de tudo: show de artistas desconhecidos; estátuas em performances surpreendentes; protestantes batendo em suas bíblias como se castigassem os pecadores; ciganas querendo passar os olhos na palma de sua mão e as mãos em sua carteira; camelôs que vendem de tudo; classificados humanos; vozes e mais vozes gritando bem na sua orelha: ótica, ótica, ótica; palhaço convidando para conhecer restaurante novo, que de novo não tem nada; dançarino solitário dando show em porta de loja; pessoas correndo ou caminhando calmamente sem sequer enxergar toda essa variedade de diversão, entretanto, homem bonito que é bom, é coisa rara de se ver. E não é que quase dei sorte dia desses? Meus olhos vislumbraram um careca charmosíssimo de óculos escuros, num terno elegantérrimo, não tive dúvidas, voltei minha cabecinha para descobrir por onde iria meu muso inspirador e eis que o vejo estático, o tal exuberantemente lindo nem pretendia ir a lugar algum, estava só embelezando a vitrine da Spielberg! Eu não disse que "quase" dei sorte?

domingo, 31 de julho de 2011

Qualidade é tudo!

Trabalhar no Centro de São Paulo é um privilégio, além de todos os prédios históricos, uma arquitetura polvilhada de surpresas e a diversidade de lojas para comprar de quase tudo, há restaurantes para todos os bolsos e gostos.

Não serei a tal que diz conhecer todos, porque não é verdade, são tantos que a gente se perde. Mas dos que conheço lógico que há os prediletos por conta da excelente comida e aqueles que são mais prediletos ainda por conta do excelente atendimento. E não pensem que não tenho vasto vocabulário na ponta dos dedos e da língua, por isso fico repetindo palavras, só repito pelo prazer de degustar essas palavras porque são as melhores para expressão do que desejo no momento.

Lá no www.areclamona.blogspot.com reclamei da comida ruim e do péssimo atendimento de alguns lugares, mas prometi mostrar meu lado que reconhece as coisas boas tanto quanto as ruins, então, anote aí 2 lugares que não devem perder quando forem ao Centro: Alhambra (Largo do Café)e São Paulo (Rua da Quitanda).

Não estou indicando só pela comida que é boa, prestem atenção no atendimento. No Alhambra, além de garçons simpáticos e atenciosos, o gerente se desdobra para garantir a satisfação do cliente.

Quando ainda fazia calor, há alguns meses, eu queria creme de papaia com licor de cassis e por azar ele não tinha, brinquei que ia no dia seguinte no concorrente e ele nem pestanejou, me mandou voltar que ele ia me servir a dita sobremesa que me enchia a boca de água. Lógico que voltei e óbvio que ele não furou e pude me deliciar com aquele sabor divino. Mas não é só isso não, ele é simpático com todos, sempre buscando agradar os clientes.

No São Paulo eles têm um patrimônio inestimável, um garçom que faz mais do que precisa para que saiamos de lá com vontade de voltar.

Amo todas as massas, antes que digam que sou viciada só em lasanha, porque de novo ela é a atriz principal. Essa não estava ruim não, estava fria, o queijo ainda sem derreter, mas nem reclamei, comi fria, porque não ligo, o gosto estava muito bom mesmo assim. Mas meu amigo avisou o garçom, que imediatamente foi lá pegou um pedaço e me trouxe quentinho, com o queijo bem derretido, mesmo eu dizendo que não precisava, que já estava satisfeita, que era só para ele checar o funcionamento do buffet. Comi e me empanturrei, porque fiquei sem graça depois de tanta gentileza.

Há uns dias nesse mesmo São Paulo, eu levantei e fui ver o mamão, desisti porque eram pedaços muito grandes, esse mesmo garçom de imediato foi até a mesa ver o que eu queria e que não tinha. Expliquei que pensei em comer mamão e como estava muito grande, ia deixar para outro dia. Ele me pediu para esperar e em menos de 5 minutos voltou com um pedaço menor e muito saboroso.

Agora pergunto, será que o atendimento desses 2 restaurantes é que está fora do padrão comparado ao tal do Bovinu’s que praticamente me enxotou como cliente?
Eu prefiro continuar sonhando que todas as empresas que prestam serviços ou vendem produtos apreciem atender seus clientes com toda devoção e continuarei indo somente nos restaurantes em que sou tratada com deferência.

sábado, 25 de junho de 2011

A música e suas surpresas

Pense num canto em que todas as religiões se afinam e convivem pacificamente... Esse é o Templo – Bar de Fé, localizado num pedaço do coração da Mooca.

O cardápio também é uma delícia, tudo que provamos, aprovamos, embora o preço seja meio salgadinho. Mas a música é de qualidade, desde as que nos presenteiam em bons vídeos à banda.

Aliás, é por causa dessa banda que corri para a telinha e não porque pretendo copiar o Pedro Schiavon do blog http://lugarzinho-br.blogspot.com/, que vive encontrando preciosidades para dividir conosco. Mas não resisti, porque esse Templo tem que entrar no circuito das boas músicas das noites paulistanas para continuar nos presenteando com noites tão agradáveis.

Mas voltando ao mote da minha inspiração. A banda entrou e anunciou que primeiro ia tocar uns sambas, para depois ir às músicas latinas. E tocou bem, nem precisei pedir meu dinheiro de volta (essa história logo contarei para vocês no blog http://www.areclamona.blogspot.com/). Lógico que sempre tem umas rateadas, mas até os melhores cantores e bandas já tiveram seus deslizes. O importante é que eles dão valor ao bom e velho samba, tocaram muitos dos melhores. Mas, o que me deixava encafifada era a aparência dos músicos. Tinha uns 4 ali que transpiravam rock, uma até com carinha de Heavy metal e na minha cabeça rodava uma pergunta irrespondível: que diacho os fez cair no samba?

Dá para imaginar um metaleiro balançando a cabecinha no ritmo do samba? E os roqueiros então? Em relação ao mocinho da percussão, acabei crendo que foi um erro meu de visão, ele nasceu no batuque do samba, o rock nunca entrou na vida dele... Será? Sei lá!

Apostei que 2 ali eram filhos da música clássica, minha amiga apostou que um deles é arquiteto, e até achei que ela tinha razão. No entanto, a visão mais perturbadora foi ver um tecladista apático, parecia meditar em outras terras menos a do samba, enquanto tocava atento à partitura. Nós rimos muito imaginando que raios se passava na cabecinha dele, porque tínhamos certeza que era de tudo, menos samba. Ele nem piscava, nem movia a cabeça, nem os pés, só dedilhava no ritmo certo. De repente, não mais que de repente, como diria o poetinha, o moço saiu do transe. Eu que pensava que ele era surdo e mudo, não resisti, cai na risada, afinal era só uma questão de língua. No fundo, creio que ele só entendia a partitura, mas nem imaginava o que estava cantando o sambista. Mas quando os primeiros acordes de música puramente latina invadiram o Templo, o “Pepe” despertou, dedilhava, cantava e até se balançava no compasso latino.

¿Consiguen adiviñar cual era el segredo de Pepe? O moço é cubano, mais precisamente um autêntico guantamero...

sábado, 18 de junho de 2011

Paixão por Maceió

Pense numa terra abençoada pelo Céu, pelo Sal e pelo Sol, essa é a minha Maceió.

Há contrastes entre o feio e o belo, o pobre e o rico, como em qualquer outra cidade do mundo. Mas mesmo o feio e o pobre me encantaram. A batalha daquele povo deveria ser reconhecida, deveria haver um milagre para cada família de ribeirinhos, de cortadores de cana, de catadores de coco, das rendeiras e todos aqueles que custam a ganhar seus tostões, seja com seu trabalho árduo ou com sua arte.

Se avexem não, em breve escreverei outros textos contando sobre as coisas boas e ruins, agora me falta tempo, tenho que voltar ao trabalho, aquele que me sustenta e não é tão árduo como o daquele povo do sol.

Mas, desde já quero agradecer ao Vaqueiro, o informante, que não é guia de turismo, gravem bem isso e não confundam, na próxima prosa explico tudinho, senão o Vaqueiro me larga na estrada no próximo passeio.

sexta-feira, 29 de abril de 2011

Esse dá pra conhecer?

Tem muito gosto estranho por aí, imagina só gostar de escargot ou caviar! Gosto ainda mais duvidoso são dos pais que escolhem nomes exóticos para seus filhos e olha que já li um bocado deles por aí. Ultimamente é até moda fazer reportagem sobre nomes estranhos e mostrar como a lei pode ajudar a acabar com o booling.

Mas alguém já ouviu falar de uma criatura que só se apaixona por homens com nomes excêntricos? Não pensem que ela fica caçando não, simplesmente acontece. O primeiro da lista, ela ainda tinha uns 16 anos, e, nessa idade, ela já se divertia com o nome do pobre moço: Arsineo. Com esse nome se espera ver uma coisa parecida com o Frankstein e não é que o moço era lindo?

Ela foi saindo da adolescência, continuava a encontrar os nominhos mais estranhos e é melhor nem contar as situações que esses moços surgiam. Momentos hilários, lógico! As confidentes riam um bocado, mas ela não ligava.

E não bastava essa maluquice dos nomes, tinha que ter um certo grau de complicação, senão poderiam até passar rente, mas não tocavam o coração. Ou eram do tipo que estavam infelizes com as namoradas ou não sabiam o que queriam da vida ou viviam em outras cidades e até em outro Estado.

Quando ela encontra alguém com um nome comum, nem tem graça, logo acaba, afinal, sina é sina, se o príncipe não chegar com uma tarja preta no nome, com certeza não fará bem a saúde dessa princesa.

Mas se não tiver nome estranho, não faz mal, tem outro jeito de ganhar o coração dela: pode ser feinho. Há alguns anos era tão complicada a situação, que quando ela confidenciou a melhor amiga que estava namorando sério, a amiga mandou a pergunta sem pestanejar: - Mas esse dá pra conhecer?

sábado, 16 de abril de 2011

Degustadora X Reclamona

A Degustadora e a Reclamona rompem a relação a partir de hoje, embora uma seja unha e carne da outra e nunca deixarão de se divertir com as palavras. Mas há degustadores por aqui que não curtem reclamação, e, como dizem que a moda é fazer blogs segmentados, então, a Degustadora e a Reclamona "escucharam los susurros de la actualidad" e vão entrar na moda. Mas continuem degustando as 2 páginas, porque em ambas encontrarão distração para vossos neurônios cansados:

http://www.degustadoradepalavras.blogspot.com/

http://www.areclamona.blogspot.com/

quinta-feira, 31 de março de 2011

Os invisíveis

Há uma série de coisas e pessoas que são invisíveis aos nossos olhos. Quantas coisas estão diariamente em nossos caminhos e não reparamos. Tem gente que passa por jardins e sequer nota se estão bem cuidados. Um dia, olhando com mais serenidade, observei que no jardim que eu tanto gostava de olhar, havia plaquinhas com recadinhos para os transeuntes. Uma delas trago na memória, pura reflexão do que sinto: “Colha-me somente com os olhos!”. Seja quem for que criou essa frase, as flores e os jardins agradecem.

Mas há situações que pedem que colhamos com os ouvidos, então, presto minha homenagem aos mais injustiçados invisíveis: os músicos.

Sempre que vou a shows, reparo no quanto o público aplaude os cantores, e, quando os músicos enfim são apresentados, geralmente é um leve claudicar, sem muito entusiasmo. Mesmo quando se presencia o som de uma orquestra, é ao maestro que agradecemos e o burburinho da saída sempre se ouve: esse maestro é fantástico. Sinto como se todos aqueles músicos fossem transparentes, porque na verdade é o maestro que, com sua incomum capacidade, colocou todos aqueles instrumentos em harmonioso compasso. Os anos de estudos e luta de cada instrumentista é como a tinta de caneta daquele tipo que some em instantes.

Há anos penso nisso a cada apresentação e tenho vontade de perguntar a cada músico sobre sua história com suas bateras, guitarras, violas, contrabaixos, violinos, pianos, cuícas, flautas, saxofones...

O solo de um instrumentista é tão prazeroso aos ouvidos quanto a capela de um cantor, mas é raro guardarmos na memória o nome dessa fera, sequer reparamos no quanto eles se entregam aos seus instrumentos.

Não sei quantos deles conseguirei retratar, mas agora começo as muitas linhas que quero escrever sobre esses invisíveis músicos. Se eles não quiserem dar entrevista, não faz mal, o Frank Sinatra também não deu ao Gay Talese, mas seu retrato em “Frank Sinatra está resfriado” não poderia ter sido mais verdadeiro.

Vou começar com pandeiristas, porque esse batuque me enlouquece, fico doida para roubar o pandeiro e fazer igual. Mas cadê categoria? E ritmo, então? Não tenho nenhum, o jeito é deixar na mão do Douglas Alonso ou do Pedro Miranda mesmo. O Douglas toca outras coisas de percussão também, mas quando a Fabiana Cozza o chama do ladinho dela, lá vem ele com o pandeiro esmerilhar e humilhar essa pobre criatura sem ritmo. E o tal Pedro Miranda, que acompanha a Teresa Cristina, não faz menos bonito.

Há diferenças, afinal nem irmãos gêmeos são iguaizinhos, imagina músicos. Douglas parece ser mais tímido, chega de mansinho, já Pedro chega cheio de salamaleques cantando “Um calo de estimação” junto com Teresa, arrancando risos da plateia. Confesso que não sei avaliar quem é o melhor, só sei que poderia ficar horas ouvindo esses dois batucando em seus pandeiros.

sábado, 26 de março de 2011

Palavras em ritmo de samba


Quem não gosta de samba, bom sujeito não é, pior ainda aquele que me diz não se encantar com a voz e o charme de Fabiana Cozza.

Dizem por aí que um bom jornalista não deve emitir sua opinião, então, acabo de desvestir o personagem de jornalista e virar apenas a Degustadora de Palavras em forma de notas musicais.

Então, vou contar um segredo de degustadora, a primeira vez que vi essa “Cozza nostra”, me apaixonei. Comecei a acompanhar seus shows, principalmente no Sesc, mas a vi em outros locais também.

Não bastasse ser dona de uma poderosa voz, quando ela sobe ao palco não há espaço para distração, os olhos ficam agitados a observar seus movimentos e nossos pés vão no embalo de todos os sambas.

Ontem, para nossa surpresa, ela mandou um Sarará Crioulo e lógico que os pés continuaram entrando no ritmo de Fabiana, essa “Cozza”! Que me perdoe a Sandra Sá, mas “Olhos Coloridos” na voz de Fabiana foi simplesmente inesquecível e inebriante.

Outro segredinho, eu já tive o prazer de entrevistar “essa Cozza” e sai ainda mais apaixonada pela simplicidade, pelo jeito de ser, de se comunicar e colocar como ser humano e artista. Deve ter sido cerca de uma hora de conversa, mas eu teria ficado muitas horas proseando e ouvindo ela contar “seus causos”. O resultado dessa prosa foi pulicado na revista Ocas”, Edição nº 70 – Março/Abril 2010. Lógico que quem quiser degustar essa prosa terá que comprar a revista, que por sorte ainda não se esgotou, é só entrar em contato via e-mail atendimento.ocas@gmail.com e pedir para a Thaís dar a dica de como adquirir essa obra de arte que é a Fabiana Cozza e aproveitar as demais reportagens da revista Ocas”, porque é uma revista de qualidade, eu garanto.

Nem vou contar mais nada dela, mas ontem minha amiga Ny também ficou apaixonada por ela, por todos os sambas que dançamos sem descanso e pelos fabulosos músicos que a acompanham.

Por falar em músicos, sempre me encanto com seus dotes seja no batuque, no teclado ou nas cordas, são muitos detalhes, nem vou falar aqui sobre eles, reservarei um post só para eles, mas tenho que deixar uma leve reclamação para a Fabiana: - ontem senti falta do solo de pandeiro do Douglas. Mas saindo das vestes de reclamona para degustadora, aqueles solos de sax foram muito bons, mas esqueci o nome do dono dessa parte do show. - Perdão moço, mas você é muito bom, prometo achar seu nome e não esquecer mais, como não esqueço o do Douglas, que aliás, mudou o visual e está um gato.

Bom, degustei: palavras, sambas e Fabiana Cozza, você já escreveu para atendimento.ocas@gmail.com e comprou o seu exemplar? Não? Se esgotar, azar o seu, perderá a degustação.

Ah! SE quiser saber mais dessa edição da revista, clique aqui: http://blogdaocas.blogspot.com/2010/04/ocas-70-marcoabril-2010.html

sábado, 19 de março de 2011

o que é isso?

Caiu
quase no mesmo espaço
sem mapa
tocou
sob as mãos, o traço
a curva
o delírio

respiro
suspiro
recolho desejos...
ponho em pensamentos
os momentos que ainda vou viver
viajo
reitero desejos
perverso medo
do que não vai ser

PS) Adoro poesias, mas confesso que escrevi muito poucas. Todas sem me preocupar com a forma, eram só palavras que jorravam... Essa acima nem tem nome, se deixei um título acima, na verdade é porque pergunto aos leitores, que raios de tempestade foi essa que me assolou e vira e mexe ainda vem escurecer meu céu!

Mas penso também que minhas palavras podem ser interpretadas de outra forma, de acordo com o sentimento de cada um, então, fiquem a vontade para degustar cada um a sua moda.

quinta-feira, 3 de março de 2011

DIVERSÃO BREGA

Há quem acredite ser impossível divertir-se com um simples passeio no parque mais próximo da sua residência, mas há controvérsias. Não acreditam? Pois experimentem. Basta caminhar e, além da visão, utilizar outro sentido, que deve ser o mais apurado, o da observação. Recomendo ainda aproveitar e usar mais um de seus sentidos, o da conclusão, fictícia, mas por que não?

Cada figura, uma caricatura!

Lá vai o coroa com suas madeixas ruivas, provocam até ardor nos meus belos olhos sensíveis. Shortinho de garoto, camiseta coladinha (sabe aquele tipo que os machos malhados de academia adoram?) e seu sexi olhar 43 (num pézico 35). Corre também com os olhos, nem radar pega tão bem quanto a mira desse tipo. Lógico que cada olhar é um convite ao flerte. Inverno, muito vento, nem pensar que ele estará lá, afinal suas madeixas, à la escovinha, nem pensar em desmanchar!

Gentem! Que figura! Donde surgiu isso? Será que é o coroa disfarçado, escondendo suas madeixas do vento? Não, trata-se apenas de outra figura inesquecível. A roupa até que é bem normal para um senhor, mas o gorro e o cachecol me rabiscam no pensamento o cãozinho ¨Rabugento¨, se bem que o ¨Rabugento¨ nunca usaria um cachecol cor-de-rosa, nem eu gosto disso! Será que esse ser sabe que está usando um cachecol cor-de-rosa? Mentalidade machista eu? Nem pensar, mas com certeza um senhor teria. E esse gorro! Só para completar o ¨visú¨ tem como detalhe ¨fashion¨ as orelhas do Snoopy?

Desfile do bonitão, pena que camufle seu medo com aquela cadela enorme a seu lado. Aliás, que raça será essa felizarda? Por um dono tão charmoso, até eu queria ser levada presa a uma coleira! Mas ele não a deixa livre nem por um minuto, leva-a ao parque para sentir-se seguro e incomunicável, no máximo um ¨oi¨ de longe, nada de relacionar-se. Talvez esse deus grego tenha se cansado de tantos assédios acintosos de mulheres que só o enxergam como um belo objeto, portador de uma ¨Blaser¨.

E esse povo que joga essa coisa esquisita que mesmo observando horas, ninguém consegue entender. Um silêncio sepulcral no campo, todos concentrados para sei lá o quê. Vestes brancas... Será que são médicos que estão operando a terra? Que raios! Sei lá se são japoneses, chineses, coreanos, sei que são qualquer coisa do oriente (nada contra)! Além do boné na cabeça, há um pano, tipo toalha em baixo do boné... Coisa de ¨sheik¨! Mas ¨sheik¨ não é árabe? Nossa! Esse exagerou: boné de algodão, sabe aqueles de propaganda de empresa? Pois é, nada demais, mas acho que o gato de estimação morreu e ele, em homenagem póstuma, circundou com seu rabo esse bonezinho.

O tio devia fazer uns dois anos que não vinha visitar a família, aproveitou as férias e veio matar a saudade. Quer recuperar o tempo perdido.
― Pô, tio, vamos andar de bike no parque?
― Claro!
O sobrinho cresceu, já anda na Caloi 10 que o próprio tio lhe deixou quando foi trabalhar em outro estado e lógico que o tio tem que andar na Caloi Cross, aro 20! Bela cena, se não originasse uma visão ridícula! O tio no maior sufoco com as perninhas encolhidas tentando pedalar, enquanto o sobrinho se gabando de correr mais, que cretino!

Olha só a gordinha relaxando, fazendo o seu Tai Chi qualquer coisa ou será o tal Lian Gong? Essas palavras que ninguém sabe o que significa, mas diz que faz, dá ¨status¨. Só sei que ela está toda torta, ao invés de relaxar, vai ficar de cama, imóvel, necessitará de acupuntura, do in, reiki ou qualquer coisa que possa reverter o quadro chinês de distorção de técnicas.

Quer coisa mais besta que exibir um cão adestrado? Transporto-me para 1700 e vejo um sinhozinho mandando o cativo tirar suas botas, igualzinho esse fulano, que ordena ao cão que fique deitado. Mais besta ainda é esse povo que admira. Acho que estão com saudade da escravatura!

A caminhada relaxa, energiza, libera toxinas e como não paga nada observar, aproveito para imaginar a história de cada pessoa que passa. É como abrir um livro, uma biografia psicótica dessas figuras.

Sugiro esses passeios para qualquer pessoa que queira divertir-se, espairecer, desanuviar, viajar na maionese, porque relaxa, faz a gente esquecer das nossas paranoias e embarcar na dos outros. Afinal o que será que vai dentro do ruivo daquela personalidade, no interior do coração da mãe dividida e do pai nada participante, debaixo daquele cachecol cor-de-rosa, ao lado da cadela desengonçada, dos ¨sheiks¨ orientais, do tio submisso, da gordinha saudável, do tal sinhozinho poderoso e do pobre cão que se submete às ordens dele?

Essa terapia inovadora funcionará ainda melhor se trocar de ambiente. Aproveite! Conheça todos os parques da cidade! Viaje em muitos livros! Deixe a fertilidade de sua imaginação fluir e quando deparar com alguma cena deprimente, pense o óbvio: como sou feliz. Todo ser humano é um livro, pode não ser um ¨best seller¨, mas dá a sua contribuição para edificação do mundo.

E tem gente que ainda me pergunta o que eu faço no parque... me divirto, oras!

quarta-feira, 2 de março de 2011

Dividindo heranças brasileiras

Baixou a Cecília Meireles na cabeça hoje... daquelas que invade e vem trazendo tantas histórias. Essa canção não traduz exatamente o que vai em minha alma, mas há frases que parecem feitas para os meus devaneios e, se divido com os blogueiros é para que conheçam um pouco das palavras de uma de nossas poetisas. Boa degustação:

Canção extraordinária
Ando à procura de espaço
para o desenho da vida.
Em números me embaraço
e perco sempre a medida.
Se penso encontrar saída,
em vez de abrir compasso,
projeto-me num abraço
e gero uma despedida.

Se volto sobre o meu passo,
é já distância perdida.

Meu coração, coisa de aço,
começa a achar um cansaço
esta procura de espaço
para o desenho da vida.
Já por exausta e descrida
não me animo a um breve traço:
- saudosa do que não faço,
- do que faço, arrependida.

domingo, 27 de fevereiro de 2011

Paladar aguçado em sonhos

Vinho, esse líquido enebriante que atiça nosso paladar, mas que atinge todos os outros sentidos do ser humano. No silêncio pode-se perceber o estampido da rolha, o mínimo barulho do primeiro gole servido, o elevar da taça para sentir seu aroma, a primeira degustação, o sinal positivo para que o garçom sirva os demais e ele, o vinho, em sua cena triunfal, é levado ao alto para o tilintar das taças e o gole quase que sincronizado de todos, após o tradicional saúde em uníssono. Eu até cerro os olhos ao primeiro gole de vinho, mas não cerraria para admirar as paisagens do país que dá guarida a inúmeras vinícolas na América Latina: o Chile.

Graças a sua geografia privilegiada, além de um solo rico e diversificado, boa parte até pela presença de muitos vulcões; da ausência da filoxera, principal parasita que ataca as videiras; da água pura que desanda da Cordilheira dos Andes, a variação de temperatura durante o dia e o resfriamento a noite, são elementos perfeitos para o lento amadurecimento das uvas.

Em breve estarei naquelas terras, depois de tanto pesquisar sobre o Chile. Mas, para falar a verdade, a maior parte que li sobre vulcões e paisagens, não me fascinam mais que a história do vinho naquela região. E não deve ter sido a toa que no livro “1001 vinhos para beber antes de morrer”, são citados 13 vinhos Chilenos, entre tantos países produtores.

Nem consigo acreditar que a primeira vinícola inspirada em feng shui, foi formada no Chile, com o nome de Montes Folly, em fevereiro de 2005. Folly significa loucura e remete à descrença dos vinicultores por não acreditarem que na região de Colchita em Santa Cruz, a 300 metros de altitude, a uva do tipo Syrah poderia germinar e ainda por cima ser colhida manualmente, durante a noite. Imaginar uma coleta manual hoje, com tanta tecnologia ao dispor é algo inspirador, mas que as uvas assim recebem um tratamento mais delicado e apropriado, isso lá é verdade, afinal uma uva batida, não tem o mesmo paladar que uma in natura e saudável.

Outra vinícola que fiquei curiosa em conhecer foi a Antiyal, do casal Marina e Álvaro Espinoza, porque desde 2007, é a primeira vinícola do Vale do Maipo a usar a energia solar e eólica, além de possuir uma janela que se abre para expor os barris às forças lunares em períodos propícios. Soa romântico imaginar as uvas à luz da lua.

Bom, como ainda não estive lá, nem vou falar mais nada. Prometo que daqui há uns meses contarei mais sobre as sensações que tive ao conhecer a terra de Neruda e tudo que realmente consegui descobrir por lá. Nesse momento foi só um leve odor de uvas em barril que passaram pelo ar que respiro.

terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

Sai a reclamona, entra a degustadora

Nada mais chato que uma pessoa muito reclamona, então vamos falar de coisas boas. Lógico que coisas boas sempre envolvem palavras e como adoro devorar as escritas com classe, criatividade, boas informações, histórias de uma grande São Paulo que poucos conhecem, sugiro que leiam o blog abaixo, porque terão boas surpresas:

http://lugarzinho-br.blogspot.com/

Tenho certeza que depois que acessarem uma vez ficaram viciados como eu.

Degustem.

Da série: Cuidado, embalagem sem noção

Já experimentou ter em seu prato aquela salada com uma cara apetitosa, que montou com todo cuidado e só falta dar um toque suave de um sabor ácido? Mas, contrariando seus sonhos, a inimiga embalagem despeja uma enxurrada de vinagre e pronto, sua salada virou uma verdadeira piscina.

Como reagir? Lavar a salada? Escorrer o vinagre e ver se deu certo?
Montar outra? Mas e se aquelas eram as últimas folhas de alface e o único tomate que tinha na geladeira? Jogar fora, desperdiçando elementos preciosos da natureza? Comer rezando para acabar logo porque o sabor está insuportável?

E se gosta de comer tudo junto? Pois é, eu adoro, então, lá vai arroz, feijão, meu precioso ovo frito, naquele ensopado ácido que vai parar no lixo, com tanta gente passando fome. Sabe o que é pior, noutro dia tinha um delicioso suflê de espinafre junto... não quero nem lembrar que era o último pedaço!

Sou obrigada a fazer duas súplicas:
1) Será que os fabricantes podem experimentar o conteúdo de suas embalagens dentro da própria embalagem para ver se dá certo temperar sua saladinha?
2) Alguém conhece alguma marca de vinagre que tenha tido a magnífica ideia de fazer um dosador eficiente?

sábado, 19 de fevereiro de 2011

Acordes de guitarra e batera

Tem público que é sem noção, prefere o sossego dos pés no chinelinho, que curtir um som desses. Mas ele, o mestre da guitarra, definiu bem aquele momento: “não importa o tamanho da plateia, mas o carinho que ela tem por nós.”

E naquele espaço enorme podia-se observar os pezinhos batendo no chão no ritmo de cada música. Enquanto isso, Celso Blues Boys brincava no palco como um menino que se apaixonou pela guitarra desde a primeira vez que a ouviu.

Amo música, mas sou leiga, apenas escrevo sobre sentimentos provocados pela música. Não sei ler partitura e abusada posso até confundir os ritmos, mas nesta sexta (18/02/11), ouvi um misto de rock e blues. Em alguns momentos fechei os olhos e sentia a sensação que o blues também invadia o espaço do rock, mas não houve brigas, desapropriação ou reintegração de posse. Apenas harmonia.

Num dado momento Celso cansou de cantar só com os parceiros do palco, conclamou a plateia, deu bronca porque erramos ou emudecemos, mas como todo bom professor, pacientemente ensinou e mesmo os mais tímidos arriscaram entrar no ritmo.

Lógico que o público pede para ele voltar. Ele volta, lança uns acordes do Hino Nacional, e como boa patriota dá aquela vontade de ouvir todinho, por a mão no coração como meu pai ensinou e cantar junto, mas era só um preâmbulo, estava na hora de aumentar o som... Aumenta que isso aí é rock'n'roll! Você não viu nem ouviu? Que pena!

sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011

Da série: compre esparadrapo e use antes de estrear

Quando reclamo de dores nos pés, sempre ouço: use tênis. Diariamente uso na academia, não para trabalhar. Nos fins de semana adoraria por o aclamado e afamado confortável tênis e sair por aí, mas, meu delicado pezinho exige primeiro o embalsamamento. Ninguém nunca ouviu falar de pés embalsamados? É um charme só, basta comprar em qualquer drogaria aqueles esparadrapos brancos enormes em largura e vai colando em todos os pontos críticos em que o confortável tênis não consegue agir confortavelmente. Aliás, todos os dias antes de ir para a academia é a mesma rotina, armada de tesoura e esparadrapo, começo as medições e vou cortando e colando.

Imagine um tênis que já pagou mais de R$ 130 e a esse valor some a quantia paga pelos metros de esparadrapo gastos diariamente para o embalsamamento. Nem quero fazer a conta do prejuízo, mas vai mais que um rolo por mês.

Mas, o pior é depois voltar da academia, desembalsamar e perceber que aquela cola se apegou a seu pé, acha ele tão charmoso que não quer ir embora. Precisa de muita esfregação para extrair aquela goma. Lavar com água e sabonete, nem pensar, porque amolece, mas fica ainda pior para desgrudar. Tem que ser a seco e na unha mesmo. Se der preguiça dessa trabalheira diária, deixe passar uns dias, vai ficar pretinho, e só se dará conta quando estiver de sandália e alguém ficar só olhando, achando que você nem toma banho todo dia. A vergonha bate e explicar toda essa novela dramática se torna fundamental.

Eu só sei de uma coisa, tênis da marca Olympikus não entra mais na minha casa. Sempre optava por ele, porque os preços eram mais acessíveis e na loja ele parece ser uma delícia no pé. Em menos de 2 meses ele abre um buraco na parte interna, bem onde fica o calcanhar. O pequeno furinho inicial vai aumentando e quando se percebe, o tamanho do esparadrapo cortado inicialmente de uns 2 dedos, já virou de 4 e se continuar teimando em usar o dito cujo porque por fora ele está novinho (nisso a fábrica caprichou), nem os curativos irão deter que um calombo cresça no seu calcanhar.

Passei anos comprando Olympikus e achava baixa a durabilidade, mas nunca tinha feito as contas direito, mas no ano passado resolvi anotar tudo, data da compra, período de uso e estava comprovado: o meu dinheiro ia pelo buraco. Reclamei na fábrica e me pediram os dados da nota fiscal, valor pago, até foto mandei. Enviaram um código para enviar via Correios de graça. Lógico que me alertaram que primeiro ia para análise, para depois me informarem se teria algum direito. Foram legais, declararam a culpa, me enviaram um novo e adivinha? Em 2 meses começou o buraquinho. O pior que além do buraquinho, ele nem é confortável na parte dianteira do pé.

Amanhã será dia de comprar um novo, “claro” que nem pensar na marca Olympikus, vai ser um martírio para o vendedor descer no mínimo uns 10 modelos. E “claro” também é uma palavra que acho que banirei do meu vocabulário, porque a tal da marca “Claro” não tem nada de claro. Mas essa novelinha ainda está em andamento, em breve conto se a “Claro” clareou.

quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

Muita criatividade atrapalha

Há empresas que deveriam lançar algumas pesquisas sobre alguns temas essenciais para tornar os seus produtos realmente úteis. Entre tantas deveriam acrescentar uma perguntinha simples: já aconteceu algo bizarro ao utilizar nosso produto?

Estou aqui matutando, mas acho que ao invés de lançar todos os borrões agora, vou fazer uma série, porque são muitos tipos de produtos que deveriam vir com avisos do tipo:
Se tem pressa, melhor usar outro método
Cuidado, embalagem sem noção
Não arrisque, ele pode te machucar
Tem outra roupa, porque vai se sujar
Compre esparadrapo e use antes de estrear
Se quer só um pouquinho, use conta gotas
Hoje não saia de casa sem linha e agulha

Bom, se lembrarem de mais alguma bizarrice, é só avisar, testar e reclamar é comigo mesma.

Então, hoje acho melhor começar por uma bizarrice que me incomoda há anos. Sempre me pergunto se os fabricantes de lenços de papel usam os ditos cujos. Será que nunca um filho deles ficou gripado? Ou sofre de rinite? Alguém já notou como é complexo limpar o nariz na hora do desespero? Ou se está cuidando de uma criança e o nariz escorre, quão complicado é tirar o lenço de papel da embalagem e limpar antes que a pobrecita sinta aquele gostinho horrível na boca?

Não considerarei nem como são retirados da caixa de lenço de papel, porque geralmente é mais prático se carregar aquelas embalagens de saquinho plástico, mas de ambas até se poder utilizar os benditos lenços de papel, parece que se passaram horas. A aflição aumenta enquanto a meleca continua escorrendo.

É tão complexo limpar o nariz, mas foi muito mais complexo o processo de se criar uma forma de dobrar os lencinhos. Mas por que fazer o mais fácil, se é muito mais marcante fazer o mais difícil.

Pior, que não bastavam as empresas brasileiras, agora estão importando os “pañuelos” da Argentina, e não é que “los Hermanos” parecem ter aprendido com os brasileiros. Ou será que ensinaram os fabricantes daqui?

Esse “ClinOff”, modelito Argentino apesar do nome americanizado, veio sanfonado em 5 vezes, com mais uma dobra no meio. Nem sei explicar, só assistindo a “desdobradura” para entender e olha que já tirei 3 da embalagem que nem vou usar, só para tentar descrever. Mas está difícil, desdobrei e redobrei para ver se consigo entender a funcionalidade de tal ideia complexa.

Lógico que ninguém vai limpar nenhum nariz, nem o próprio, nem o de uma criança, com um papel que se resume a 10,5 cm por 5,5 cm (mais um desperdiçado para a medição), tão bem dobradinho por 6 vezes.

Quando vi a nova marca, logo me entusiasmei: alguém descobriu uma marca que não é dobrada de forma bizarra e decidiu importar, ledo engano.

Por isso eu rogo, quando alguém descobrir uma embalagem em que o senhor fabricante teve a digníssima ideia de dobrar uma primeira vez ao meio e depois dobrar mais 2 vezes ao meio, me avisem, porque escreverei para o criador parabenizando pela praticidade que proporcionou aos portadores de narizes escorridos.

terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

Há poesias que provocam alegria, outras tristeza... Muitas refletem nosso ser, outras nossos sentimentos, mas toda poesia serve para enfeitiçar o dia.

Hoje segue uma de “Flora Figueiredo“, sem muitas reflexões. Lembrei dela e quis dividir a sensação de leveza do ser.

Sugestão
Faça o seguinte:
assopre o pensamento triste,
deixe escorrer a última lágrima,
conte até vinte.
abra então a janela,
aquela que dá para o vôo dos pardais,
procure a luz que pisca lá na frente
(evite as sombras que ficaram lá pra trás).
Ao encontrá-la,
coloque-a dentro do peito
de tal jeito, que possa ser notada
Do lado de fora;
acrescente agora uma pitada de poesia,
do tipo que passa por nós todos os dias
e nem sequer consegue ser notada;
aumente o brilho,
com toda a intensidade
de que um sorriso é capaz.
A felicidade é o seu limite,
e o paraíso é você mesma quem faz.

domingo, 30 de janeiro de 2011

Bar do Museu, cantinho eterno das artes

O Bar do Museu, localizado no Centro de São Paulo, não se abate e moderniza sua história como espaço cultural. Diferente de bares comuns, nos quais as pessoas vão para beber e conversar, o Bar do Museu tem como objetivo reunir artistas e amantes da arte, afinal, foi assim que tudo começou, e, por esse motivo, ele abriu suas portas.
O ambiente ainda mantém o cheiro dos grandes mecenas e artistas de São Paulo: Assis Chateaubriand (Chatô), Cicillo Matarazzo, Iolanda Penteado, Tarsila do Amaral, Vitor Brecheret, Oscar Niemayer, Alfredo Volp e muitos outros reuniam-se desde 1939 em torno do sonho comum de construir e formar o acervo do Museu de Arte Moderna de São Paulo. As reuniões aconteciam inicialmente no bar instalado no prédio onde ficava a empresa “Diários Associados”.
Na mesma época que conseguiram finalizar o projeto do museu, instalado no Parque do Ibirapuera em 1954, registraram a Associação dos Amigos do Museu de Arte Moderna (AAMAM) e as reuniões passaram a ser no MAM. Mas a distância era grande e, por fim, os associados tornaram-se itinerantes. Eles escolhiam algum bar do centro para as reuniões. Em 1978, depois de cansarem de ver baixar as portas dos bares que freqüentavam, abriram a própria sede, apelidada de Bar do Museu.
O centro da cidade era o lugar onde tudo acontecia. Quase todos os associados, se não moravam lá, mantinham seus negócios estabelecidos pela região. Assim, os amigos do museu, que na época eram cerca de 100 associados, optaram pela sobreloja de um edifício comercial, próxima ao Edifício Copan, um arrojado projeto do arquiteto Oscar Niemayer. Por ser um prédio de escritórios, nenhum vizinho reclamaria das inflamadas conversas sobre artes.
O cantor Cauby Peixoto e a escritora Lígia Fagundes Telles também frequentaram as reuniões no passado, quando a sede era de uso exclusivo dos Associados da AAMAM. Ainda há quem tenha a impressão de ver sentados nas cadeiras do bar o pintor Di Cavalcanti e o cantor Silvio Caldas, que doou seu violão, o qual virou adorno de parede. Mas apesar do passado estar vivo na memória, a atual presidente da Associação, Clarice Berto, mantém as portas abertas para exposições de obras artísticas, porque o ideal é abrir espaço para que arte e cultura misturem-se a um bom bate-papo. “O Bar do Museu oferece sua estrutura a artistas para contribuir com o florescimento das artes. Espero que os novos frequentadores não deixem esse ideal morrer”, comenta Clarice, satisfeita com a presença de tantos jovens que retornam após terem conhecido o bar em algum dos eventos ocorridos nos últimos meses.
...o tempo não pára, não pára não... não pára! (Cazuza)

PP = pós postado) Esqueci de informar antes de postar que esse foi um release construído a 3 mãos para um TCC de final de curso de Jornalismo. Minhas parceiras deram o sangue corrigindo melhorando o texto e eu nem para citar essas duas figuras que fizeram e ainda fazem história na minha vida: Paula Caires e Priscilla Sipans.

sábado, 29 de janeiro de 2011

Delírios sobre injustiças

Prédios, estruturas gigantescas, monumentos estrangeiros. Estruturas metálicas emolduram enormes vidros, herança cultural do Bauhaus. Outros, puro cimento desarmonizando, padrões todos herdados de algum outro canto do planeta: Europa, EUA, Ásia etc. Nada exalta nossas origens indígenas. Exceto alguma cor aqui e ali, toda vista seria como a nossa massa encefálica, que dizem ser cinza.

Somos fruto da miscigenação cultural, dos brasileiros originais, só restaram histórias, porque entre os poucos que restaram, ainda se faz troça, fica a visão do fogo, do desmerecimento, do desdém pela própria origem.

Oh! Terra Brasilis! Encantadas paisagens ainda encobrem o espírito de aço e pedra.

Promete-se igualdade, cumpre-se deslealdade. É como Machado de Assis declama: "... quer se ver a menina e encontra-se a mulher; quer se ver a mulher e encontra-se a menina", não há como encontrar a igualdade quando não se pode ver a verdadeira face, principalmente da nossa justiça tão incoerente!

O mundo vai dando voltas nas aspirações contidas no voto de cada cidadão que pensa estar exercendo a democracia. Quer se ver o povo no poder e, quando seu representante máximo ascende, torna-se descrente de seus próprios sonhos.

Quem poderá enfrentar as feras a quem damos o poder de governar, de decidir? Quem poderá enfrentar um juiz que libera um homem que matou para brincar? Matou nossa raiz, matou um irmão, matou nossa democracia...

Quem matou agora tem um cargo, criação especial para uma grande personalidade... e sua vítima está sob a terra que ele pisa.

Temos obrigações a cumprir, devemos lealdade ao nosso rei, mas não temos respaldo para viver em segurança. Mas haveremos de lutar sempre!

PS) Hoje um aluno revoltado com a falta de consciência me disse que não valia lutar porque as pessoas não cooperam. Mas, se nos entregamos a conviver apenas com o mal, sem pregar o bem, desistimos da batalha derrotados, melhor se empenhar em um ideal que viver na abstinência da esperança.

segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

Baixou Renato Russo em Leila Pinheiro

Domingo ensolarado e de repente a chuva levantando fumaça do asfalto no final da tarde. Mas 18 horas não havia mais resquícios de sol nem de chuva, apenas os instrumentos musicais, na penumbra, ocupando o espaço do palco do Sesc Pinheiros, a espera das mãos talentosas que os fariam irradiar no ar os acordes tão conhecidos dos fãs de Renato. Leila entra e tão entregue quanto os músicos, recriam Renato nas suas milhares de palavras e cifras musicais.

A cada parada, o barulho comum em espetáculos denunciava a casa quase cheia. As poucas cadeiras vazias talvez tenham confundido a leitura se lá havia mais fãs de Renato ou de Leila. A cada acorde essa constatação parecia não importar, o claudicar das palmas, gritos, assovios, suspiros enchiam o ar e o pedido de bis veio naturalmente para Leila e Renato.

...
Sei que, às vezes, uso
Palavras repetidas,
Mas quais são as palavras
Que nunca são ditas?
...

sábado, 15 de janeiro de 2011

Protesto por uma Lei cidade limpa de verdade

Ao ser editada a Lei Municipal nº 14223 de 2006, a preocupação era deixar a cidade livre da poluição visual que assolava ruas e avenidas em forma de outdoors imensos instalados por toda a cidade de forma desordenada. Era uma revolução estética e as críticas foram inúmeras, mas é notável que a paisagem urbana hoje é muito mais limpa. Lógico que ainda há muito que fiscalizar e refazer numa cidade tão extensa para a preservação e valorização do ambiente como preconizava a lei e poderia ser um percurso mais rápido se todos agissem em prol de um mesmo fim, mas...

Depois, em prol de se preservar a saúde das pessoas editaram a Lei nº 14805 em 2008, proibindo fumar em diversos espaços públicos. Outra enxurrada de críticas, mas para os não fumantes a referida lei foi um alívio.

Passado mais de dois anos ainda há muito que se fiscalizar, porque ainda há estabelecimentos que não atenderam todos os itens do artigo 1º, como, por exemplo, disponibilizar espaços abertos ou ventilados, destinados exclusivamente aos fumantes, e, desde então, as pessoas, tanto na hora da diversão quanto na hora de trabalho, ocupam as calçadas, um espaço que também é público, para sustentação do vício. O resultado disso é bitucas de cigarro para todo lado, que vão parar nos bueiros, além de provocar poluição no ar e de desleixo na limpeza das calçadas.

Há pessoas que criticam nesses casos só a atuação do governo em fiscalizar, mas e o nosso papel como cidadãos, quem deve cumprir? Será que são só os administradores públicos que devem assumir uma postura cidadã? Será que não está na hora de empresários tomarem ciência e buscarem alternativas para cooperar com a melhor organização da cidade? Será que não são os fumantes que deveriam ter consciência do que estão provocando com as suas ações? Não se trata apenas do ato de fumar por ser prejudicial a saúde e porque polui o ar, trata-se de pensar na limpeza da cidade e no que acarreta em períodos de chuva esses lixos que se acumulam nas ruas.

Infelizmente ainda não há preparo por parte dos cidadãos para provocar melhorias no ambiente social sem que haja uma ordem, os “fazedores de leis” precisam agir e é deles a tarefa de saber qual lei precisa ser repaginada, mas não custa dar a ideia. Que tal espalhar essa ideia?

Pos Postado) Nem 1 hora depois que eu havia postado, estive caminhando na calçada e um fumante atirou a sua bituca fora, para sorte dele, por um triz não me acertou, porque juro que hoje chamava a polícia para fazer BO. É um absurdo termos que desviar e ficar atentos para não sermos acertados nem por fumantes na calçada e nem por aqueles que atiram da janela de seus carros.

sexta-feira, 7 de janeiro de 2011

Minha voz sou eu... me ouçam

À vezes ela sibila palavras, como se quisesse falar baixinho em meu ouvido e me deixo seduzir. Penetro em sua tristeza e compartilho do seu torpor. Ela grita e meus ouvidos querem mais, aumento o som. Ela canta suavemente e me entrego, compartilho. Aprendo a letra, tento cantar junto, mas ela não deixa... esse momento é dela e eu invado sua intimidade, o suficiente para saber que uma voz como essa já não está mais aqui. Então choro! Choro por não ter tocado em suas mãos no momento de sua angústia. Choro por não estar presente para lhe dizer que milhões de pessoas a veneram e dizer-lhe que ela é mais que uma simples Diva. E, foi em sua solidão que partiu.

Ela nasceu, 19 em janeiro de 1943, numa sólida família de classe média, na cidade de Port Arthur, localizada no Estado do Texas, nos Estados Unidos da América. Com apenas 17 anos já retratava o gosto pelos sons do blues e do folk em pinturas e poesias e levantava aplausos nos bares de Houston e Austin, no Texas. Realizou seu sonho em 1965 e foi cantar na Califórnia, mas em 1966, desempregada, voltou para Austin e cantou em uma banda country por alguns meses. Depois disso, o amigo que se tornou seu empresário, Chet Helms, levou-a para a banda Big Brother, que tocava em San Francisco. E, foi junto dessa banda, que ela conheceu o empresário Albert Grossman, após o show no “Monterey Pop Festival”, em 1967. Quando a platéia ficou extasiada durante sua interpretação para a música “Summer Time”, sendo a seguir contratada pela gravadora Columbia Records. Ela já disparava rumo ao sucesso, cuja sina de ser Diva estava escrita na força de expressão contida em sua voz.

Era a única cantora branca da época que se atrevia a cantar blues feito uma negra, com sua voz rouca e sensual. Debaixo de críticas entusiasmadas e outras nem tanto, o albúm “Cheap Thrills” foi um recorde de vendas.

Em 1969, a comunidade hippie se reuniu no maior de todos os festivais de rock, o “Woodstock”. Janis Joplin marcou seu espaço junto a outros cantores de sucesso como Joan Baez, Santana Joe Cocker, Jimi Hendrix e outros que viviam a era hippie, com suas roupas coloridas, simples e soltas, típicas da geração paz e amor.

Após o sucesso do primeiro LP com os Big Brothers, a gravadora Columbia Records assinou contrato e o álbum Cheap Thrills, com o single "Price of My Heart", conquistou o disco de ouro. Passado um ano, Joplin resolveu deixar os Big Brother, mas participou de algumas faixas do álbum deles, “Be a Brother”, lançado em 1971. Seguia sua carreira, nessa mesma época, com o guitarrista Sam Andrew. Compuseram então a segunda banda, que foi denominada de Kozmic Blues, um de seus sucessos musicais, composta por Janis Joplin e Gabriel Mekler.

Ela possuía tudo aos olhos de quem a via sobre um palco, mas se sentia feia e chegava a considerar sua voz insossa, sem encanto, mesmo uma multidão vibrando em suas apresentações, como revela, na biografia “Love, Janis”, escrita por sua irmã e psicoterapeuta, Laura Joplin.

No momento de enfrentar a platéia ela vestia uma coragem que não lhe pertencia e hipnotizava a platéia, não se contentava se não participassem daquele momento que lhe era tão precioso, onde poderia se encher de rebeldia contra seus próprios sentimentos e soltar a voz.

Comedimento era uma palavra fora do seu vocabulário, ela se entregava ao amor, à música, às drogas, às amizades, numa ânsia desesperada de encontrar conforto. Certa vez sua mãe lhe perguntou porque gritava tanto, sendo que tinha uma voz tão bonita e Janis disparou a resposta: “- Para você sentir o que eu sinto!”, relatou Myra Friedman, companheira de trabalho de Janis durante grande parte de sua carreira, no livro “Enterrada viva”, outra biografia que revela alguns momentos da vida de Janis.
Há quem diga que ela é a rainha imortal do rock, mas no fundo, a espécie de música que ela entoava era algo só dela, não se classificava entre os já conhecidos tipos. Ora ela se envolvia num blues, ora se entregava à alegria do country, ora cantava num tom debochado, ora sussurrava como a dividir segredos. Mas apesar de sua versatilidade musical, na década de 60 Janis era a rainha branca do blues.

A escritora Alice Echols escreveu no livro “Scars of sweet paradise”, que no Brasil foi batizado de “Janis Joplin: uma vida. Uma época”, que Janis queria casar e ter filhos e assim, andava entusiasmada em 1970, falando em se casar-se. Estava cantando com a banda Full Tilt Boogie e ia produzir o álbum Pearl (que era seu apelido). Mas em 4 de outubro de 1970, o corpo de Janis Joplin foi encontrado sem vida com picadas de agulha recentes no braço, num quarto do Hotel Landmark, em Hollywood. A causa da morte foi uma overdose acidental de heroína.

No obituário consta que a injeção fora aplicada pela própria Janis, mas concluía que a morte foi involuntária por aplicação de dose de droga excessiva, mas algumas pessoas e veículos de comunicação interpretaram como suicídio, o que levou o empresário, Jonh Cooke, a ficar indignado, porque não acreditava que ela tenha desejado se suicidar.

Ela morreu aos 27 anos, três meses após a morte de Jimi Hendrix. Foi cremada e realizaram seu desejo jogando as cinzas na costa da Califórnia. Mas sua obra e figura imortal continuou a ser reproduzida em CD´s, filmes, livros, sites, comunidades, revistas, camisetas e jovens que sequer conhecem sua história, fecham os olhos ao ouvir suas músicas, depois saem a buscar resquícios de sua voz pelo mundo. O maior sucesso em sua discografia aconteceu dois meses após sua morte, com o LP "Mee and Bob McGee", como prova de sua imortalidade.

No filme The Rose, gravado em 1979, estrelado por Bette Midler, foi feito um relato de sua carreira, tomando por base o teor do livro “Enterrada Viva”. Atualmente, a atriz Renée Zellweger, que pode ser vista em DVD em “Cinderella Man” traduzido para “A Luta pela Esperança” atuando com Russel Crowe, está sendo sondada para interpretar Janis Joplin, no filme "Piece of My Heart", cinebiografia da cantora, em pré-produção, mas não há nenhum diretor ligado ao projeto, ainda.

Com tantas biografias, filmes e relatos que surgem de fontes diferentes e fidedignas, como da irmã ou da amiga que trabalhou junto a ela, talvez já se possa conhecer um pouco mais de Janis Joplin, mas nunca chegar à real e imortal Janis. Compreender as letras de suas músicas é como desvendar o ser humano escondido em sua voz, porque as músicas de Janis Joplin não foram feitas para serem ouvidas, mas sentidas.

Pós Anos) Publiquei esse texto no site E-Zine Entre Palavras, creio que por volta de 2004, mas o site saiu do ar faz tempo, uma pena, porque era muito bom ver tantas artes reunidas e oriundas de tantos países. Vira e mexe ponho o único CD que tenho da Janis na orelha e ele fica por horas no replay. Ir para a academia, então, ouvindo Janis dá um pique inexplicável. Só sei que ouvi Janis hoje e não foi via CD, nem MP3, me veio aos ouvidos sem estar tocando em lugar algum... Acho que o vento soprou, porque Janis é assim, de vez em quando quer falar com todo mundo. Ela me deu um empurrão e acabei indo ler o pouco que escrevi sobre ela e sua obra e reparto com vocês.